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Ativistas compartilham opinião de colunista da Folha de S.Paulo. acreditam ainda que Saraiva Felipe está ‘mal informado’ sobre Aids

Em coluna para o jornal Folha de S.Paulo, Demétrio Magnoli, doutor em geografia humana pela USP, questiona a veracidade da fala do ministro Saraiva Felipe ao afirmar, há duas semanas em nota divulgada no Conselho Nacional de Saúde, que a Aids é uma pandemia controlada no país para justificar o acordo feito com o laboratório norte-americano Abbott, que reduziu o preço do anti-aids Kaletra de US$ 1,17 para US$ 0,63.

O argumento do colunista é, que, em junho deste ano, o Programa Nacional de DST/Aids afirmou que mesmo se o Abbott vendesse o Kaletra a US$ 0,25 o laboratório conservaria uma “razoável margem de lucro”. Esse fato adquiriu apoio da Europa e do jornal The New York Times, que defendeu o direito do Brasil quebrar as patentes dos medicamentos anti-retrovirais.

Hélia Mara de Deus, presidente do Fórum do ONG/Aids de Espírito Santo, questiona o conhecimento do ministro Saraiva Felipe sobre os problemas da Aids. “O ministro está muito mal assessorado e informado em tudo no que se refere à Aids. Para um ministro da saúde, ele deve no mínimo ter conhecimento do que fala, mas ele mostrou que não tem conhecimento nenhum, já que contradiz dados divulgados pelo próprio Ministério sobre o crescimento da Aids no Brasil”, disse Hélia.

No final da coluna, Demétrio relaciona a decisão do governo Lula de não quebrar nenhuma patente e fechar o acordo com a Abbott, com as “relações especiais” de George W. Bush e o presidente Lula, já que o acordo foi fechado um mês antes da visita do presidente norte-americano ao país. “Concordo com a posição do Demétrio, apesar de não ser especialista nesse ramo”, afirmou Hélia, chamando o acordo fechado de indecente. O presidente do Fórum de ONG/Aids do Rio de Janeiro, Roberto Pereira, também acredita que a decisão do acordo foi feita para não haver retaliações políticas e econômicas em outras áreas. “Seria muita ingenuidade acreditar que o acordo não tem relação política, pois as retaliações para o Brasil na parte econômica e política seriam enormes. É uma lógica política que atende os interesses políticos e não o interesse da população, da saúde”, afirmou.

Sobre o suposto controle da Aids no país, Roberto informa que o Brasil é o 15° país com maior índice de Aids no mundo, e que o controle é pura mentira e demagogia do Ministério. “Gostaria que ele [o ministro] se vestisse de povo para afirmar que a Aids está controlada no país. Há casos no Rio de Janeiro de demora de três meses para o resultado do teste sair. Há cidades que não têm registrado de um caso de sífilis congênita, ou seja, a pesquisa e os dados do Ministério não são confiáveis, há muito mais de 600 mil infectados no país”, disse indignado o presidente do Fórum.

Denis Fujito

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