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A dimensão política prevalece

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Com lançamento marcado para a próxima segunda-feira, 26 de junho, o documento Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, resultante de pesquisa realizada junto aos participantes da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo de 2005, mostra que, apesar da conotação festiva, razões de ordem eminentemente política predominam entre os motivos de comparecimento dos participantes ao evento. O estudo, elaborado pelo CLAM, Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec/Universidade Cândido Mendes), Departamento de Antropologia da USP e Núcleo de Estudos de Gênero Pagu da Universidade Estadual de Campinas, em parceria com a Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, mostra que, apesar do aspecto festivo, o caráter político e reivindicatório ainda é o mote da manifestação: perguntados sobre o motivo pelo qual compareceram à Parada na capital paulista, 57,6% declararam estar no evento para que os direitos GLBT se ampliem.

“Somando-se ao número dos que disseram estar ali por solidariedade a amigos e parentes homossexuais (8,9%), temos dois terços dos entrevistados (66,5%) que compareceram ao evento por terem algum tipo de engajamento social ou político com a questão”, analisam os autores do documento, os pesquisadores Sergio Carrara (CLAM), Silvia Ramos (Cesec), Julio Assis Simões (USP) e Regina Facchini (APOGLBT-SP).

A parceria civil entre pessoas do mesmo sexo foi o tema da parada e principal bandeira de luta. Os manifestantes buscavam pressionar o Congresso brasileiro para aprovar o projeto de lei que regulamenta as relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo, o qual vem sendo discutido pelos parlamentares desde 1995.

Público politizado

De acordo com o documento, motivações políticas tendem a ser mais relevantes entre os mais velhos e entre aqueles com nível de instrução mais elevado. Assim, 65,9% entre os que tinham idades entre 30 e 39 anos contra 44,3% entre os que tinham até 18 anos declararam estar ali para que os homossexuais tenham mais direitos no país; 61,5% entre os que tinham pós-graduação contra 51,4% entre os que tinham ensino fundamental declararam o mesmo. A maior parte dos manifestantes não era composta por “novatos”: 63,3% deles afirmaram já ter participado de outras paradas do orgulho GLBT.

Homens e mulheres heterossexuais foram os que mais freqüentemente responderam ser aquela a primeira vez que compareciam a um evento desse gênero (58,5% deles e 63% delas nunca haviam participado antes de uma parada do orgulho GLBT). Esse dado contrasta, por exemplo, com as informações relativas aos homens homossexuais, entre os quais 76,5% já tinham participado de outras paradas.

“Por outro lado, é também importante salientar que um número expressivo de manifestantes disseram comparecer à parada sobretudo por razões lúdicas, por ‘curiosidade ou diversão’ou para ‘paquerar’(30,8%)”, afirmam os autores.

Além de questões políticas, entre os mais de 2 milhões que compareceram à Avenida Paulista, 973 manifestantes também responderam a questões relacionadas à saúde, identidade sexual e experiências de discriminação e violência.

A pesquisa Política, Direitos, Violência e Homossexualidade vem sendo realizada desde 2003, tendo sido feita nas paradas do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. Em 2005, além de São Paulo, a pesquisa também ocorreu em Buenos Aires, com resultados previstos para novembro. O objetivo da investigação é conhecer melhor os participantes de paradas do orgulho GLBT e levantar dados de violência e discriminação sofridas por gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros.

O lançamento ocorrerá no Auditório da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania de São Paulo (Pátio do Colégio, 148), a partir das 18h30.

O documento estará disponível no site do CLAM (seção “documentos”) a partir do dia 26 de junho, data do lançamento.

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