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A ciência não explica a mulher

Lawrence H. Summers, diretor da Universidade de Harvard, causou alvoroço recentemente ao dizer que diferenças biológicas explicavam a falta de mulheres bem-sucedidas em carreiras científicas, mas não dizia nenhuma novidade: Há pelo menos dois séculos a ciência já servia de instrumento para fixar o papel da mulher na sociedade. Alguns doutores da ginecologia e da obstetrícia respaldavam a idéia de que a mulher deveria obedecer à natureza de seu corpo de fêmea, restringindo seu papel social à maternidade, aos filhos e ao lar. É o que mostra a historiadora Ana Paula Vosne Martins em seu livro “Visões do Feminino – a medicina da mulher nos séculos XIX e XX”, que acaba de ser lançado pela Editora Fiocruz.

Em entrevista concedida a NoMínimo, Ana Paula afirma que idéias de fundo científico e biológico são politicamente apaziguadoras, “pois retiram da sociedade e da história a responsabilidade por certas questões que incomodam, como a divisão desigual do acesso a profissões que dão prestígio, poder e dinheiro”. A historiadora mostra como o estudo do corpo feminino pelo saber médico colaborou para o aprisionamento da mulher ao determinar seu papel na sociedade pelas características corporais, reprodutivas e sexuais.

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