CLAM – ES

II Encontro Internacional política e femicidio

Com o objetivo de congregar pesquisadoras/es, estudantes, especialistas, profissionais, integrantes dos diversos Núcleos, Centros e Programas Universitários de Estudos feministas da América Latina e Caribe, articulando, assim, um espaço para a permuta de experiências nacionais e internacionais, que levem a reflexões sobre as conquistas, tensões e perspectivas do feminismo acadêmico e sua contribuição para o avanço das lutas das mulheres, estamos convocando este evento conjunto das Redes Latinoamericana e do Caribe de Centros e Programas de Estudos da Mulher e Gênero, da REDEFEM.

As reflexões feministas, de crescente sistematização e visibilidade – inicialmente, por problematizarem o lugar social das mulheres, e logo a seguir, por colocarem em foco as relações de gênero – trouxeram às diferentes ciências e disciplinas as mais significativas contribuições criticas. No cenário internacional e no Brasil, seus impactos levaram à eclosão de uma produção intelectual de qualidade situada entre as linhas de pensamento de maior potencial crítico do último milênio. Nas duas últimas décadas, a produção brasileira e latino-americana sobre o tema conheceu um notável crescimento e seu reconhecimento se confirmou como objeto de relevância para os estudos acadêmicos e para o processo de tomada da consciência crítico de gênero na sociedade em geral. Tudo tem indicado, desde então, a pertinência em prosseguir com a consolidação de tantas conquistas e com a continuidade de uma experiência organizativa a serviço da produção do conhecimento critico feminista e de gênero. Por isso, numa reafirmação da teoria e da práxis feministas, sem afastar, todavia, pesquisadores e pesquisadoras de diferentes alinhamentos teóricos e metodológicos, esses encontros pretendem que o terreno, provadamente fértil dos estudos sobre as relações de gênero, as mulheres e os enfoques feministas, seja cada vez mais semeado e as trocas entre os interlocutores e seus grupos de pesquisa possa ser propiciada e acelerada. Constituídos como eventos periódicos (bienais até o último Encontro Nacional em Salvador em 2005; e trienais a partir de agora), de caráter nacional e interdisciplinar de uma rede – a Rede Brasileira de Estudos e Pesquisas Feministas que se estabeleceu, no Brasil em 1994, mediante a proposta de interlocução qualificada entre as Ciências Humanas e os Estudos Feministas. Até a presente data, a RedeFem já realizou cinco encontros nacionais e dois seminários internacionais, como se pode conferir neste projeto que retoma, ainda que brevemente, a memória desses eventos.

Este evento marca uma etapa importante para a RedeFem que será a de ampliar e consolidar sua abrangência para além do território nacional. Com isso busca-se interlocução entre as pesquisadoras, os agentes governamentais responsáveis pela implementação de políticas na área e a comunidade interessada dos demais países latino-americanos, reconhecendo nossos problemas em comum e nossas particularidades. É com vistas à ampliação do debate e ao estreitamento de relações inter-universitárias e interinstitucionais que desejamos realizar este evento. O mesmo funciona como um momento de crítica e de reflexão cruciais, partindo de aspectos que ainda não conseguimos avançar no continente, a saber: feminismo masculino (é possível? É desejável? Porque?), pobreza feminina e mercado de trabalho (o que foi alcançado e o que não foi? Onde falta-nos avançar?), mulheres e espaços de poder (porque há tão poucas mulheres nos espaços institucionalizados de decisão? O que fazer para superar este déficit?), diversidade sexual e direitos sexuais (quais são as interfaces com o feminismo? O nos falta avançar?). 0 Eventos dessa natureza propiciam que se conheça a produção intelectual internacional, regional e nacional, facilitam os agenciamentos de pesquisas e permitem que se estabeleçam intercâmbios entre pesquisadores e instituições. Favorecem, ainda, a sincronia de esforços políticos na região para a eliminação de todas as formas de discriminação contra as mulheres, entendendo a participação delas como fundamental para um desenvolvimento social e econômico verdadeiramente duradouro e sustentável.

Os Encontros têm sido, pois, um lugar de trocas, de atualização, de difusão de conhecimento e de experiências políticas. Tem-se uma forte responsabilidade na formação do pensamento crítico, nutrindo-se, em larga escala, das contribuições da teoria e da práxis feminista, bem como, reciclando-as. O VI Encontro representa a continuidade e a consolidação desses esforços. Sua proposta é a construção coletiva de um espaço para mais e mais intercâmbios, sempre abertos a tantas novas fronteiras de conhecimento e campos de pesquisa, ensino e extensão. Sua organização programática sugere, ainda, a preocupação em refletir a pluralidade temática e a contribuição das estudiosas da América Latina, em geral, e do Mercosul, em particular, num esforço de estreitar as relações entre os países da região. Nossa meta é dar continuidade à tentativa de avaliar avanços teóricos e metodológicos nas análises das relações de gênero, estimulando indagações sobre as metodologias formuladas sob o olhar crítico-feminista e aprofundando a questão da especificidade do conhecimento gerado pelos estudos de mulheres e de gênero.

A proliferação de centros, programas e grupos de pesquisas na área dos estudos da mulher, do feminismo e das relações de gênero nas universidades e outras instituições de ensino e pesquisa, tem possibilitado o surgimento de diferentes iniciativas de articulação, integração e intercambio de informações. No Brasil destaca-se a criação em 1992 da Rede Feminista Norte e Nordeste de Estudos sobre a Mulher e Relações de Gênero – REDOR, que hoje congrega 26 núcleos das instituições de ensino superior dessas duas regiões, em especial nas Universidades Federais. Em 1994 foi criada a Rede Brasileira de Estudos e Pesquisas Feministas – REDEFEM congregando centros e pesquisadoras independentes. No campo Latino-americano a Red de Universidades de América Latina e el Caribe de Centros e Programas de Gênero foi criada em 1997 na Nicaragua quando da realização do seminário Latinoamericano de Estúdios e Investigaciones sobre la Mujer y Gênero em América Latina y el Caribe

SOBRE A ESTRUTURA

Este evento conjunto terá a duração de cinco dias, com a abertura solene à noite do dia 10 de Junho de 2008. Para os demais dias, a proposta é de realização de Conferencias Internacionais e mesas redondas na parte da manhã, em torno das temáticas específicas do evento e de sessões científicas na parte da tarde – dos 15 Grupos Temáticos – para a apresentação de trabalhos, que poderão tratar de questões diversas no campo dos estudos sobre mulheres, feminismo e relações de gênero. Na perspectiva de constituir esse evento em um espaço democrático de discussão e aprofundamento teórico, haverá ainda três Mesas Redondas no período do final da tarde a serem constituídas em torno a temáticas articuladas e correlatas aos temas principais a partir da apresentação de propostas por parte das participantes. Em principio estão definidas três mesas com as seguintes temáticas:

«O Feminismo no Masculino» com a participação, já confirmada, da Conferencista Internacional Cory Aragon (University of Colorado Boulder).

«Mulheres e Desenvolvimento na América Latina» com a participação, ainda a ser confirmada da Conferencista Internacional Ana Falu (UNIFEM).

«Democracia, Gênero e Política» com a participação, já confirmada, da Conferencista Internacional Chantal Mouffe (University of Westminster).

Serão realizadas ainda, ao longo de todo o evento, atividades culturais e assembléias e encontros das Redes, Núcleos e pesquisadora/es, com o propósito de formular propostas de trabalho, intercâmbios, ações conjuntas etc.

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