Quando a Cidade do México aprovou a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, bispos e padres promoveram uma ruidosa mobilização na tentativa de derrubar a lei, em vigor na capital mexicana desde abril de 2007. O esforço resultou inútil. Passado pouco mais de um ano, a Corte Suprema de Justiça confirmaria a constitucionalidade do texto, desafiando a Igreja na nação com o maior número de católicos do mundo depois do Brasil. A partir de então, o teólogo mexicano Julián Cruzalta, homem de gestos medidos e fala serena, perdeu a paz. Tornou-se alvo recorrente de cobranças da hierarquia eclesiástica e de ataques ferozes por parte de religiosos conservadores.