CLAM – ES

Seminário Internacional Fazendo Gênero 7 – Gênero e Preconceitos

O principal objetivo dos Simpósios Temáticos do Seminário Internacional Fazendo Gênero 7 – Gênero e Preconceitos, organizado pela Universidade Federal de Santa Catarina, que acontece no Brasil, em Florianópolis (Santa Catarina), entre os dias 28 e 30 de agosto de 2006, é propiciar o encontro e discussão de pesquisadores sobre diferentes perspectivas dos estudos de gênero, de forma interdisciplinar. Os quase 60 Simpósios, que funcionarão ao longo de todo o evento, no período da tarde, abordam temas como aborto, juventude, militância feminista, violência contra a mulher, homossexualidades, além da articulação entre gênero e política, raça e etnia, literatura, mídia, ciência e tecnologia.

As propostas de trabalhos deverão ser apresentadas em formulário disponível no site do evento (www.fazendogenero7.ufsc.br) e enviadas diretamente para os endereços eletrônicos dos coordenadores do Simpósio Temático escolhido. O resumo preenchido no formulário deve conter no máximo 300 palavras, espaço 1,5, fonte Times New Roman, tamanho 12. O prazo final de inscrição de trabalhos é 30 de março de 2006.

Veja o calendário:

30/03/2006– Prazo para apresentação de resumos para os STs
30/03 a 30/04/2006– seleção dos resumos e composição dos STs pelos coordenadores
30/04/2006 – Prazo para envio pelos coordenadores de STs dos trabalhos aprovados.
25/07/2006 – Prazo máximo para envio dos trabalhos completos aceitos nos STs para publicação no CD do evento.

Pesquisadores do CLAM estarão presentes no evento coordenando Simpósios que tratarão de temáticas como “Sexualidade, Gênero e Reprodução na Juventude”, “Homossexualidades Femininas: subjetividade e política” e “Gênero, Corpo e Diversidade Sexual”.

Veja estes e outros resumos:

Sexualidade, gênero e reprodução na juventude

Coordenação:

Maria Luiza Heilborn
Instituto de Medicina Social – UERJ
sexgen@uerj.br

Daniela Knauth
Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Núcleo de Pesquisa em Antropologia do Corpo e da Saúde – UFRGS
knauth@portoweb.com.br

Elaine Reis Brandão
Departamento de Medicina Preventiva/Núcleo de Estudos de Saúde Coletiva – UFRJ
brandao@nesc.ufrj.br


Resumo:
Há um caloroso debate no país a respeito da necessidade ou não de imposição de limites ao exercício da sexualidade adolescente e juvenil. O suposto desregramento das práticas sexuais juvenis tem sido um forte argumento comumente invocado para justificar a reprodução nessa fase da vida e seus desdobramentos perversos nas trajetórias juvenis. Conhecer melhor os efeitos do discurso normativo sobre a sexualidade juvenil, identificar representações e práticas sociais dos jovens de diferentes segmentos sociais no que tange à gestão da vida íntima e de suas conexões com as instituições da família, escola, serviços de saúde, grupo de pares, se coloca hoje como via importante para a reflexão sociológica. Discutir os condicionamentos sociais, de gênero e de pertencimento racial nas trajetórias juvenis e o modo como eles se manifestam nas suas práticas sexuais e reprodutivas pode oferecer relevantes contribuições analíticas à formulação de políticas públicas para a juventude. O processo de transição à vida adulta alterou-se muito nas sociedades ocidentais modernas. As mudanças no estatuto infantil, o redimensionamento da autoridade parental, as novas normas educativas, as transformações nas relações de gênero e entre gerações compõem novo cenário social e familiar. A construção social da adolescência na atualidade se faz sob o aprofundamento do processo de individualização, com dinâmicas peculiares conforme o segmento social considerado. As transformações da sexualidade têm sido objeto de intensa investigação sociológica. Novos comportamentos e valores sexuais convivem com antigas prescrições de gênero. Comumente temas como gravidez, aborto, Aids, violência sexual integram o debate público sobre uma eventual regulação da sexualidade e fecundidade juvenil. As tensões entre normatização da sexualidade e possibilidades de construção da autonomia por meio do aprendizado da sexualidade comportam posturas distintas sobre o estatuto juvenil. Pretende-se discutir perspectivas de investigação que abordem os temas da sexualidade e do gênero na juventude.

Homossexualidades femininas: subjetividade e política

Coordenação:
Miriam Grossi
Núcleo de Identidades de Gênero e Subjetividades – UFSC
miriamgrossi@aol.com

Anna Paula Uziel
Instituto de Psicologia – UERJ
uzielap@alternex.com.br

Resumo:
Nos últimos anos, cresce no Brasil e na América Latina o interesse por estudos sobre homossexualidade, ao mesmo tempo em que há uma proliferação importante de movimentos homossexuais no Brasil, aqui chamados de GLBTTT (gays, lésbicas, bi-sexuais, Travestis, Transexuais, Transgêneros) como forma de incluir múltiplas identidades “não-heterossexuais”. A temática lésbica, que nem sempre teve espaço no campo feminista, passa a ter um espaço importante nesta mobilização, conseguindo recentemente a inclusão de uma representação deste “segmento” de mulheres no Conselho Nacional de Direitos das Mulheres. Nossa proposta visa criar um espaço de reflexão sobre questões envolvendo a homossexualidade feminina na conjugalidade, maternidade, em relações de violência, na luta por reconhecimento de cidadania e de direitos sexuais. Tradicionalmente foram produzidos muitos estudos sobre práticas, identidades e reconhecimentos de homossexualidades masculinas. Desejamos com esta proposta reunir pesquisador@s que têm se dedicado a estudar homossexualidades e experiências de desejo homoerótico feminino, vivências de maternidade e conjugalidade entre mulheres do mesmo sexo, representações da homossexualidade na mídia, na literatura, no cinema e trabalhos sobre mobilizações políticas em torno de reinvindicações lésbico-feministas

Gênero, Corpo e Diversidade Sexual (Sexualidades)

Coordenação:
Anna Paula Vencato
Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia – UFRJ
apvencato@gmail.com

Laura Moutinho
Instituto de Medicina Social – UERJ
lmoutinho@ims.uerj.br

Regina Facchini
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas – UNICAMP
rfacchini@uol.com.br


Ao longo das últimas décadas várias pesquisadoras e pesquisadores vêm se dedicando ao estudo da produção de feminilidades e masculinidades em situações diversas. Neste contexto, o intercruzamento entre raça, sexualidade, gênero e os cuidados com a saúde precisam ser qualificados e analisados. Não se trata, assim, de se operar somente com uma soma de «prejuízos» ou apenas com um acúmulo de sujeições combinadas. Faz-se necessário, portanto, colocar em diálogo os trabalhos produzidos dentro de determinadas emáticas que apontam para o entrecruzamento entre estas categorias, o qual coloca alguns sujeitos num lugar de desvantagem social ao mesmo tempo em que legitima a outros. Desta forma, a proposta deste Simpósio Temático “Gênero, Corpo e Diversidade Sexual (Sexualidades)» é, centrando-se no aspecto plural, simbólico e relacional das feminilidades e masculinidades, e colocando também em cena os estudos contemporâneos sobre sexualidade, corpo e preconceitos, propor uma agenda de discussão articulando alguns dos eixos desse debate, tais como:

1) práticas e representações relativas às feminilidades, masculinidades, sexualidades, corporalidades e a raça;
2) reprodução e sexualidade;
3) direitos humanos, políticas públicas, cidadania e interseccionalidades; 4) cálculos relativos à prevenção e impactos das DST/Aids;
5) os desafios teóricos e políticos atuais em torno de gênero, raça, corpo e sexualidade.

Aborto: conquistas e desafios

Coordenação:
Rozeli Maria Porto – UUFSC
rozeliporto@ig.com.br

Greice Menezes – UFBa
greice@ufba.br

Susana Rostagnol
Programa de Gênero, Corpo e Sexualidade no Instituto deAntropologia da Faculdade de Humanidades – Uruguai
susanar@internet.com.uy

Resumo
Tema complexo cuja discussão envolve aspectos éticos, jurídicos,morais e religiosos, o aborto tem sido alvo de grande atenção nasociedade colocando na cena pública distintas posições de diferentes atoressociais.
Na década de 90, o debate sobre o tema o inscreve no âmbito dos direitos reprodutivos, com repercussões no plano internacional, através da sua incorporação no texto final das Conferências de População e Desenvolvimento, no Cairo e Internacional da Mulher, em Pequim, organizadas pelas Nações Unidas. Em nível nacional, a ampliação dos serviços de atenção ao aborto em casos previstos por lei e mais recentemente, a discussão da antecipação do parto em casos de fetos anencéfalos têm alimentado o debate sobre o tema.
Por outro lado, no plano político, identifica-se um esforço de fazer cumprir os compromissos assumidos naquelas Conferências, com elaboração de propostas de normatização da atenção às mulheres em situação de abortamento na rede pública e a possibilidade de revisão da legislação nacional sobre o procedimento. Na academia, o aborto tem sido objeto de investigação de vários campos disciplinares, notadamente nos estudos contemporâneos sobre relações de gênero e feminismo. Nosso objetivo é propor a atualização de uma agenda de discussão sobre aborto, considerando os avanços alcançados e os desafios a serem enfrentados, articulando as diferentes dimensões do fenômeno nos seguintes eixos temáticos:

1) Aborto e direitos reprodutivos;
2) Repercussões do aborto sobre a saúde das mulheres;
3) Aspectos jurídicos do aborto
4) Aspectos religiosos do aborto;
5) Aborto e bioética;
6) O debate do direito ao aborto no campo político;
7) Aborto e violência sexual;
8) A interrupção da gravidez em caso de anomalias fetais;
9) Representações dos profissionais da saúde em relação ao aborto;
10) Gênero e Aborto: as experiências das mulheres e a perspectivamasculina;
11) Debates contemporâneos sobre o aborto.

Sexualidades, corporalidades e transgêneros: narrativas fora da ordem

Coordenação:
Berenice Bento
Departamento de Sociologia da Universidade de Brasília – UnB
bbento@unb.br

Larissa Pelúcio
Programa de pós-graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos
larissapelucio@yahoo.com.br

Marcos Benedetti
Núcleo de Pesquisas em Antropologia do Corpo e da Saúde – UFRGS.
marcosbenedetti@hotmail.com

O objetivo do ST “Sexualidades, Corporalidades e Transgêneros: narrativas fora da ordem» é constituir-se em um espaço de interlocução sobre os gêneros que se organizam fora do binarismo masculino/feminino, mostrando o caráter performático das identidades dos gêneros. Interessa-nos pensar os desdobramentos que tal caráter performático propiciam nas sexualidades e nas práticas de reconstrução corporal. Em relação a essas práticas é importante que se possa explorar as técnicas corporais acionadas por cada grupo (sejam travestis, transexuais, drags-queens/kings, cross-dress, entre outras).

As intervenções médicas e tecnológicas sobre o corpo (tidas como monopólio legítimo da medicina oficial), mesclam-se e se sobrepõem a um complexo sistema de cuidados em saúde e de técnicas corporais que compõem um conjunto de saberes próprios. Evidenciando-se que mesmo entre os grupos mais afeitos ao discurso médico oficial se desenvolvem práticas de transformação do corpo que vão de intervenções epidérmicas até as mais profundas, como as cirurgias de transgenitalização.

Todo o processo que antecede as cirurgias de transgenitalização e seus desdobramentos passa por uma larga discussão que tem sido monopolizada pela Medicina, pelo Direito e pelas ciências psi, exigindo que se problematize as questões sociais aí implicadas, ressaltando que gênero, corpo e sexualidade são searas férteis para o exercício de discursos de poder e controle sobre os indivíduos.

Esse controle liga-se à violência física e simbólica, e se associa não só aos aspectos visto como transgressivos, no que se refere às performances de gênero, mas também aos impactos da Aids. Esta, por sua vez, repercutiu sobre o imaginário corporal e sexual de travestis, transexuais e transgêneros, sugerindo novas configurações afetivas, sexuais,eróticas e, mesmo, políticas.

Muitos movimentos sociais das minorias sexuais se associaram à luta contra a aids, propiciando um diálogo frutífero e tenso, entre gays, travestis, transexuais, transgêneros, criando novos fóruns e estratégias de ação, o que conferiu maior visibilidade a esses grupos. Assim, a inserção social das travestis e transexuais suscita uma discussão que passa pela organização política, proporcionando outros espaços de reflexão e atuação que partem de um processo orgânico, recente e ainda pouco explorado pelos estudos acadêmicos.Outro tema relevante, quando se trata do “universo trans” é a prostituição, o que engloba o turismo sexual e comércio de sexo virtual. Blogs, sites, fóruns de e-mails, comunicação em tempo real via messenger, são recursos relativamente novos dos quais esses grupos têm se valido não só para efetivar negócios sexuais como também estabelecer contatos afetivos e de organização enquanto identidades sexuais e de gênero.

O ciberespaço tem propiciado a construção de novos arranjos de sociabilidade relacionada ao «mundo trans.», invisibilizados fora dos espaços on-line. Exemplo dessas novas sociabilidades é a organização de grupos virtuais de homens que buscam sexo e relações afetivas com travestis e transexuais. Tratar das relações entre estes homens e os grupos em pauta é também uma das possibilidades de recortes temáticos que pretendemos aprofundar no ST.

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