Na sexta-feira, 27 de março, a pesquisadora do Programa de Estudos em Gênero e Saúde do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (MUSA/ISC/UFBA), Greice Menezes, doutora em saúde pública, ministrou a palestra “A difícil mensuração da magnitude do aborto: questões éticas e metodológicas”.
Veja abaixo o resumo da palestra, que aconteceu na Sala 6021 do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ), às 9h30:
“O aborto envolve aspectos de cunho moral e religioso, sendo objeto de forte sanção social. Essa condição implica dificuldades no seu relato pelas mulheres, particularmente em contextos de ilegalidade, como no Brasil, ainda que a omissão do aborto seja registrada em contextos onde é legalizado, mas em que persistem restrições a sua prática. O grau de omissão do relato sobre o aborto apresenta-se como o principal problema metodológico a ser enfrentado em estudos que buscam obter a informação diretamente das mulheres, pois a subdeclaração introduz um erro em sua mensuração, subestimando sua ocorrência. A magnitude do aborto provocado pode ser mensurada com base em diferentes fontes. As informações obtidas são variáveis não só em função das estratégias e técnicas utilizadas. No Brasil, investigações que buscaram estimar a magnitude do aborto utilizando a informação diretamente obtida das mulheres atestaram graus variados de sub-relato do aborto, reconhecendo-se que o quadro obtido representa o patamar mínimo de sua ocorrência nas populações estudadas. A investigação do aborto nessa situação requer cuidados metodológicos específicos, com implicações éticas no manejo do tema”.