Este novo número de Sexualidade, Saúde e Sociedade oferece a seus leitores artigos que, a partir de múltiplas perspectivas e metodologias, abordam um campo teórico tensionado pela complexa implicação entre os conceitos de biopolítica e de tanatopolítica ou, dito de outro modo, tensionado pela inquietante centralidade da morte (ou do deixar morrer) no âmbito de um dispositivo voltado a potencializar a vida (ao menos, certas vidas). Desse modo, perfazem, quando considerados em conjunto, um movimento analítico que (re)coloca a discussão da sexualidade em um horizonte mais amplo, relativo à gestão de outros processos vitais (nascimento, enfermidade, morte).
As derivações político-sociais que terão na América Latina estes debates em torno da eutanásia, do aborto, da “gravidez adolescente”, do “parto humanizado”, do reconhecimento de variadas identidades de gênero, das sexualidades de portadores de incapacidades são indiscerníveis. Entretanto, os textos que apresentamos neste número expõem potenciais alianças entre atores de campos políticos e religiosos antitéticos, assim como posicionamentos que vão torcendo o entendimento dos direitos humanos que até aqui tem primado, e gerando versões que talvez, inevitavelmente, ao mesmo tempo em que reconheçam novos sujeitos, práticas e subjetividades, produzam novas sujeições.