Contendo dezesseis artigos e uma resenha, o presente número de Sexualidade, Saúde e Sociedade oferece à leitura um amplo leque de reflexões e pesquisas desenvolvidas por investigadoras/es situadas/os em diferentes países latino-americanos (México, Colômbia, Brasil, Chile e Argentina), ou que, desde o contexto norte- -americano, abordam questões de gênero e sexualidade na região.
Além de artigos submetidos ao fluxo regular da revista, neste número divulgamos mais um Dossier temático, intitulado Masculinidades. Sob a responsabilidade dos editores convidados Francisco Aguayo e Marcos Nascimento, os artigos contidos no Dossier foram igualmente submetidos ao processo de revisão por pares, segundo as normas da Revista. E os editores convidados nos brindam com extensa apresentação, na qual fazem um balanço de duas décadas de estudos sobre homens e masculinidades na América Latina e apontam seus principais desafios e avanços. De modo geral, os artigos do Dossier revisitam temas “clássicos” de tais estudos (violência, divisão sexual do trabalho, homofobia etc.), que são investigados desde uma perspectiva crítica, em forte diálogo com perspectivas feministas. Em conjunto, colocam em relevo as tensões conceituais, éticas e políticas que subjazem à noção de patriarcado, enfatizando a relacionalidade, a multimensionalidade e a diversidade ou pluralidade das experiências masculinas latino-americanas. Em jogo, como se pode constatar a partir de sua leitura, está o próprio sentido de estudar os homens enquanto sujeitos de gênero.
Os sete outros artigos publicados neste número, somados à resenha, colocam- -se em marcado contraponto aos que foram enfeixados no Dossier. A partir de diferentes perspectivas teórico-metodológicas, todos abordam aspectos cruciais da vida sexual e reprodutiva das mulheres – menopausa, menstruação, prazer sexual, aborto, gravidez – e o modo como tais aspectos vêm sendo regulados pelas ciências da sexualidade, como no caso do trabalho de Patricio Simonetto, ou no âmbito de políticas desenvolvidas por Estados nacionais, como no caso do artigo de Tabbush, Díaz, Trebisacce e Keller. Centrando-se no recente contexto político argentino, Tabbush e colegas oferecem elementos importantes para pensarmos sobre as vicissitudes do processo de afirmação dos direitos sexuais e reprodutivos no continente. De um lado, comparando a implementação de agendas relativas ao chamado casamento igualitário, ao direito à identidade de gênero e ao direito ao aborto naquele país, aprofundam a compreensão sobre o modo diferencial ou desigual pelo qual se dá a afirmação de tais direitos. De outro lado, descrevem como tal processo difere significativamente daquele que ocorre no chamado Norte Global.
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