O livro de Bruno Zilli analisa o discurso BDSM — sigla para práticas sexuais que envolvem dominação, submissão e sadomasoquismo —, tal como presente em manuais de orientação para sua prática, disponíveis na internet. O foco está na importância atribuída à garantia de que a prática do BDSM seja “sã, segura e consentida”. Particularmente central para os praticantes é a noção de “consentimento”, condição essencial para que o BDSM não se confunda com a violência sexual. A análise é desenvolvida em diálogo com a psiquiatria, situando-se em uma rubrica mais ampla, ou seja, os critérios utilizados pelos vários saberes disciplinares para a definição daquilo que é “normal”. O trabalho de Bruno Zilli nos oferece, assim, um caso fecundo para uma discussão canônica das Ciências Sociais: a temática do “desvio”, em sua relação com as formas variadas da discriminação, muitas vezes justificadas por meio de complexas relações entre saber e poder.
Maria Claudia Coelho, Instituto de Ciências Sociais – UERJ
O autor é antropólogo, Mestre em Saúde Coletiva e Doutor em Ciências Sociais pela UERJ. É membro do Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos — CLAM. Pesquisa sobre gênero, sexualidade, internet e saúde mental.
Características da obra