Com a perspectiva de promover um fórum amplo de debates sobre o contexto brasileiro, latino-americano e internacional, analisando questões e desafios para a transformação da vida das mulheres e da sociedade, nós que integramos o Comitê Político Nacional da Articulação de Mulheres Brasileiras temos a satisfação de convocar o I Encontro Nacional da AMB, que será realizado de 07 a 10 de dezembro de 2006, na cidade do Rio de Janeiro, onde há 12 anos foi fundada a AMB.
Como integrantes dos fóruns, redes, núcleos e articulações estaduais de mulheres que constituem a AMB, estendemos a nossa voz a todos os municípios do país. Saudamos os grupos, organizações e redes de mulheres, a todas as militantes feministas anti-racistas, rurais e urbanas, de diferentes movimentos e organizações. Nesta saudação, queremos falar a todas da necessidade imprescindível de ampliar, entre nós, o diálogo e a reflexão, frente a um momento de crise na política brasileira, que exige o fortalecimento dos movimentos sociais.
Acreditamos que é preciso construir alianças e compromissos comuns e tirar lições para o futuro. Por isso, um encontro nacional: um espaço democrático para expressar para o mundo o que estamos propondo e o que estamos rejeitando, frente a uma arena política marcada pelas forças do mercado, pelo neoliberalismo, pelo fundamentalismo.
Para a Articulação de Mulheres Brasileiras, o momento exige a formulação de um programa de ações coletivas que aprimore os caminhos da luta feminista, levando em conta o contexto político-econômico, social e cultural da América Latina, com especial atenção à realidade brasileira. Para isso, convocamos um encontro nacional aberto a todas as militantes que se identifiquem e se comprometam com suas diretrizes e princípios. E o fazemos na perspectiva de que esse Encontro se constitua um processo orientador para as lutas da AMB, no futuro imediato.
Com vistas a alcançar estes objetivos, o I Encontro Nacional da AMB terá como questões mobilizadoras:
– O contexto da luta feminista: a conjuntura latino-americana, as relações de poder, os projetos político-econômicos em disputa; retrocessos, ameaças, obstáculos à democracia e autonomia dos povos. Internacionalismo femininista no contexto da globalização. A organização do feminismo em diferentes contextos históricos.
– A política feminista brasileira: as prioridades da luta feminista para transformar a vida das mulheres e da sociedade; as possibilidades de ação feminista nas relações entre sociedade e Estado e no enfrentamento ao sistema capitalista e à política neoliberal, ao patriarcado, ao racismo e à homofobia. Acertos e desacertos na política de alianças entre movimentos de mulheres e do feminismo com outros movimentos sociais.
– Questões feministas sobre Economia e Trabalho: a perspectiva crítica feminista frente à economia no capitalismo contemporâneo. O trabalho produtivo e reprodutivo das mulheres e sua autonomia econômica, considerando as distintas ocupações nas quais as mulheres encontram sua fonte de renda. A proposta de economia solidária e de agricultura ecológica. Os serviços públicos e os direitos sociais para todas/os; a democratização dos bens públicos comuns da humanidade, da natureza e a conservação/proteção do meio ambiente.
– Questões feministas quanto à diversidade racial, étnica e de liberdade afetivo-sexual, na perspectiva de dar espaço à construção coletiva e às várias possibilidades de linguagem, de práticas e de expressão do feminismo.
– A práxis político-pedagógica feminista: os projetos políticos dos movimentos feministas, correntes de pensamento que orientam a ação dos movimentos e perspectiva crítica. Questões e impasses das práticas político-pedagógicas no trabalho com mulheres, em distintos contextos sócio-culturais. O feminismo que queremos construir e o que queremos construir com esse feminismo.
– As formas de organização dos movimentos de mulheres, em especial do movimento feminista: possibilidades, limites, desafios atuais.
Estes temas e questões mobilizadoras serão aprimorados, dentro do processo preparatório ao I Encontro.
Com esta convocatória, damos por iniciado o processo preparatório, que em sua mobilização buscará levar em conta a diversidade regional e dos saberes das mulheres, além da formação política das militantes. Você, que de alguma forma tem ajudado a construir a AMB como um espaço de reflexão e ação política, ou que deseja contribuir daqui por diante, está convidada a se engajar nesta proposta.