A FAPERJ divulgou no dia 10/10 o resultado da Edição 2024 do Programa de Apoio às Cientistas Mães com vínculo em ICTs do Estado do Rio de Janeiro (Edital FAPERJ nº 10/2024). Marina Nucci, pesquisadora do Centro Latino-americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM) e professora adjunta do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ), teve o projeto Uma (neuro)ciência do amor e cuidado materno? Uma análise sobre gênero, ciência e moral em discursos contemporâneos sobre “maternidade” e “apego” contemplado pelo edital.
O Programa de Apoio às Cientistas Mães destina-se a apoiar, por meio de concorrência, pesquisas de cientistas que se tornaram mães nos últimos doze anos. Exceções foram abertas a cientistas mães de filhos ou filhas com deficiência, que puderam concorrer independentemente da idade destes.
A Diretora Científica da FAPERJ, Eliete Bouskela, destacou que a fundação tem realizado importantes políticas de apoio à maternidade, tais quais as avaliações diferenciadas do currículo Lattes de cientistas mães, licença-maternidade para as bolsistas, entre outras ações. Este programa faz parte dessas políticas.
A pesquisa de Marina Nucci visa analisar discursos científicos sobre maternidade, amor materno e cuidado de filhos. Nucci destaca que, apesar da maternidade ter sido problematizada por algumas correntes feministas, o papel de mãe ainda é visto socialmente de modo romantizado e quase sacralizado. A pesquisadora enfatiza também como os cuidados com os filhos ainda são fortemente incumbidos às mulheres. No âmbito da saúde, no que concerne à produção de conhecimento e às práticas médico-científicas, conjuntos de crenças e valores morais se misturam à prescrições, ditando os cuidados com a saúde, assim como os comportamentos adequados às mães. A partir da perspectiva teórica dos estudos sociais da ciência, Nucci questiona a suposta neutralidade do conhecimento científico, enfatizando a importância de contextualizarmos suas produções, considerando também padrões de comportamentos e valores culturais. “Interessa-nos investigar como tais discursos científicos são apropriados e acionados por mães, pais ou educadores/as parentais, e como são difundidos nas redes sociais. Esperamos, assim, compreender melhor a relação entre natureza, ciência e moral nos discursos sobre maternidade e cuidado. Do ponto de vista mais amplo, a pesquisa poderá auxiliar na reflexão crítica a políticas voltadas para o cuidado, e em reflexões sobre desigualdades de gênero”, explica Nucci.
A bolsa de pesquisa tem a duração de 36 meses e os resultados serão apresentados em um artigo a ser publicado em relevante revista da área, de acesso aberto ao público. No momento oportuno, teremos satisfação em divulgar a publicação desse artigo no site e nas redes sociais do CLAM.
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