O nascimento de bebês com a circunferência da cabeça reduzida dominou os noticiários em 2015. O governo decretou situação de emergência sanitária nacional e a ciência, convocada a dar respostas, comprovou a associação do vírus da zika com a microcefalia em recém-nascidos de gestantes infectadas. A epidemia reascendeu o debate midiático sobre aborto a partir de proposta encaminhada ao STF, requerendo melhor acesso da população ao planejamento familiar e o direito à interrupção da gravidez em casos de infecção da gestante. Tomando a notícia como arena de embates discursivos, a pesquisa explora os sentidos produzidos pelos discursos midiáticos para o aborto a partir do caso zika. Foram examinadas as coberturas de jornais de referência nacional, buscando identificar agentes noticiosos, valores e argumentos mobilizados, e a voz conferida às mulheres infectadas.