A data de 28 de setembro é celebrada como o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pela Descriminalização e Legalização do Aborto. Nesse dia, ocorrem marchas e manifestações nos países da região pela despenalização do aborto, há o pronunciamento de diversas feministas, organizações de debates e seminários, bem como as divulgações de textos e filmes sobre o tema.
Ainda nesse contexto de homenagem da luta pelo direito ao aborto legal e seguro, no qual diversas atrizes e instituições fomentam reflexões e disseminam conhecimentos sob uma perspectiva de direitos, o CLAM, que na sua trajetória vem pesquisando esse assunto e propiciando materiais e espaços de debates sobre essas questões, apresenta o texto das ativistas e socorristas Andrea L. González e Lidia Zurbriggen, que aborda os 10 anos de ativismo feminista socorrista na Argentina.
O movimento no qual González e Zurbriggen atuam, Socorristas en Red, teve início em 2012, inspirado em iniciativas feministas anteriores, como nas experiências de italianas, francesas e estadunidenses, que criaram redes de aconselhamento e acompanhamento para mulheres e gestantes que precisavam realizar abortos. As Socorristas en Red trabalham em colaboração com profissionais da saúde, seguindo as orientações da Organização Mundial de Saúde no que concerne às práticas abortivas mais seguras.
O texto apresenta diversas estratégias das ativistas no acompanhamento das mulheres e pessoas que gestam na realização de abortos, visando fornecer acolhimento, aconselhamento e segurança a essas pessoas, de modo voluntário e gratuito.
Nesses processos, González e Zurbriggen destacam a importância da sistematização dos dados, enfatizando o papel fundamental das informações, tanto para o conhecimento da realidade, quanto para a produção de saberes sobre a temática.
As autoras destacam que, após a legalização do aborto na Argentina, em 2020, o ativismo socorrista não cessou. Ao contrário, os acompanhamentos se intensificaram, revelando que a implementação da lei enfrenta ainda desafios, como a resistência de setores conservadores, resistência de profissionais da saúde, além da dificuldade de acesso a áreas remotas do país.
Ambas mencionam também algumas campanhas importantes, como “En un mundo justo las niñas no son madres”, que denuncia a realidade de meninas obrigadas a gestar e apresentam ações realizadas durante a pandemia, que mostram a importância do ativismo em tempos de crise.
O trabalho das Socorristas en Red vai além do apoio e socorro às mulheres e pessoas que gestam e precisam interromper a gravidez, buscando transformar as percepções sociais sobre o tema, promovendo o aborto como uma prática segura, autônoma e feminista; como um direito que deve ser assegurado.
Acesse aqui, na íntegra, o texto apresentado pelas socorristas argentinas, Andrea L. González e Lidia Zurbriggen.
As ativistas argentinas foram convidadas especiais em um evento organizado pelo CLAM, em junho de 2023. Tratou-se do seminário “Aborto e cuidado: experiências, ativismos e pesquisas na América Latina”, que teve como objetivo o compartilhamento de percursos, aprendizados e pesquisas sobre o ativismo em torno do aborto, considerando também o processo de despenalização social desse na América Latina, assim como as redes de acompanhamento na região.
(Cartaz e programação do evento)
A programação do evento contou com as apresentações das socorristas argentinas Andrea L. González e Lidia Zurbriggen, integrantes da Socorristas en Red, que apresentaram a palestra “10 años de activismo feminista socorrista. Tejiendo memorias, saberes, articulaciones y amistades políticas”, baseada no texto compartilhado nesta notícia.
Jimena de Garay (IP/UERJ), Andrea L. González (Socorristas en Red Argentina), Lidia Zurbriggen (Socorristas en Red Argentina) e Carla de Castro Gomes (Redes da Maré; NESEG/UFRJ; PAGU/Unicamp).
Além das socorristas, o seminário contou com a presença das pesquisadoras e ativistas Marcelle Souza (PROLAM/USP), quem apresentou a comunicação intitulada “Aborto seguro e acompanhado na América Latina: uma estratégia feminista” e Alessandra Brigo (CLAM/IMS/UERJ), quem apresentou a palestra “Aborto no Brasil: práticas feministas de cuidado e resistência”.
Marcelle Souza (PROLAM/USP), Andrea L. González (Socorristas en Red Argentina), Jimena de Garay (IP/UERJ) e Lidia Zurbriggen (Socorristas en Red Argentina).
Alessandra Brigo (CLAM/IMS/UERJ), Andrea L. González (Socorristas en Red Argentina), Jimena de Garay (IP/UERJ), Lidia Zurbriggen (Socorristas en Red Argentina) e Carla Gomes (Redes da Maré; NESEG/UFRJ; PAGU/Unicamp).
O evento foi organizado em parceria pelo Centro Latino-americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/UERJ) e Grupo de Pesquisa Subjetividades e Instituições em Dobras (GEPSID/UERJ), com o apoio do Núcleo de Estudos de Sexualidade e Gênero (NESEG/PPGSA/UFRJ), Redes da Maré, Núcleo de Estudos sobre Desigualdades Contemporâneas e Relações de Gênero (NUDERG/ UERJ), Núcleo de Pesquisa e Desconstrução de Gêneros (DEGENERA/UERJ) e Rede Fluminense de Núcleos de Pesquisa de Gênero, Sexualidade e Feminismos nas Ciências Sociais (REDEGEN).
O seminário foi direcionado a pesquisadoras e ativistas engajadas nas temáticas em torno da despenalização do aborto.
Público que assistiu ao seminário “Aborto e cuidado: experiências, ativismos e pesquisas na América Latina”, ocorrido em junho de 2023, no Auditório do IMS/UERJ.