CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Chamada para submissão de artigos em dossiê “Aleitamento materno humano, cuidado e interseccionalidade”

A Revista Uruguaia de Antropologia e Etnografia está com chamada aberta para submissão de artigos para dossiê, artigos de tema livre (no escopo da revista) e resenhas (vol.10, nº2, 2025). O prazo para envios será até dia 01/04/2025.

Dossiê: Aleitamento materno humano, cuidado e interseccionalidade

Este dossiê prevê a submissão de artigos que explorem criticamente as diversas dimensões da amamentação e do cuidado numa perspectiva interseccional. Com foco na amamentação humana e nos processos a ela associados, buscamos trabalhos que problematizem como o cuidado é socialmente distribuído, agenciamento, regulamentado e vivenciado, especialmente à luz das interseccionalidades sexo-gênero, etnia-raça, classe, deficiência, território e outras marcadores sociais de diferença. O objetivo é explorar como a parentalidade, a amamentação e os cuidados na primeira infância, nas suas diferentes formas, são organizados socialmente, e como as políticas públicas, os discursos médicos e as campanhas de saúde se relacionam com os processos quotidianos.

O dossiê busca contribuições que surgem de pesquisas, principalmente etnográficas, que revelam nuances e contradições das experiências de amamentação e de cuidado. Trabalhos que investiguem, por exemplo, as experiências de pessoas que amamentam e cuidam de crianças pequenas em diversos contextos, os desafios que as pessoas que amamentam enfrentam para equilibrar múltiplos papéis sociais e familiares, ou que analisem como as políticas de saúde gerem diferenças de classe, raça e outras desigualdades. Assim, pretende-se promover um debate abrangente sobre os cuidados na primeira infância e a amamentação, destacando não apenas os desafios da amamentação, mas também realidades que muitas vezes escapam aos ideais e regulamentações relacionadas a tais processos.

Nesse sentido, são especialmente bem-vindos aqueles trabalhos que, a partir de novas abordagens teóricas, metodológicas e etnográficas, se enquadram em alguns dos eixos descritos a seguir:

Políticas públicas e regulamentações: contribuições que analisam como as políticas públicas e as regulamentações governamentais influenciam a prática da amamentação e do cuidado infantil, particularmente em contextos de desigualdade social. Artigos que exploram como tais políticas refletem ou desafiam as normas de gênero e outras, e como afetam as relações entre utilizadores e profissionais de saúde.

Relação médico-científica: estudos que investigam o papel do conhecimento médico e científico no estabelecimento de normas e diretrizes sobre amamentação e cuidados na primeira infância. Contribuições que exploram as interações entre profissionais de saúde e lactantes, analisando as tensões entre diferentes saberes e como as práticas de cuidado são moldadas ou questionadas pelos discursos científicos.

Experiências de amamentação e cuidado consideradas dissidentes: pesquisa que documenta e analisa experiências de amamentação e cuidado que não se enquadram em modelos hegemônicos, como as vivenciadas por famílias LGBTQIA+, pessoas trans, mães solteiras, migrantes, pessoas com deficiência, entre outros. Artigos que discutem os desafios e estratégias adotadas por essas famílias para lidar com padrões sociais e de saúde que muitas vezes não levam em conta suas realidades.

Obras etnográficas vinculadas à amamentação e ao cuidado: contribuições baseadas em pesquisas etnográficas que oferecem uma visão detalhada e contextualizada da experiência da amamentação e do cuidado em diferentes culturas e ambientes sociais. Obras que visibilizem nuances e contradições das vivências cotidianas de quem amamenta e cuida de crianças pequenas e que dêem ênfase às especificidades contextuais.

Modelos de comunicação: estudos que analisam como a comunicação e os discursos públicos sobre amamentação e cuidados são construídos, difundidos e recebidos pela sociedade. Artigos que investiguem campanhas de saúde pública, redes de mídia, publicidade e outras formas de comunicação que moldam percepções e práticas sobre amamentação e cuidados, abordando os impactos desses modelos de comunicação em diferentes grupos sociais.

Interseccionalidade e marcadores sociais da diferença: contribuições que discutem o impacto das intersecções (etnia-raça, gênero, classe, deficiência, migração, entre outras) nas práticas e experiências de amamentação e cuidado infantil. Estudos que abordem como esses marcadores sociais afetam as pessoas que amamentam e cuidam no acesso aos serviços, nas políticas de saúde e no exercício de direitos.

Parentesco e maternidade: Pesquisa que explora as diversas configurações da maternidade e do cuidado, inclusive aquelas que rompem com a noção biogenética dos laços mãe-filho. Artigos que analisam a parentalidade adotiva ou a parentalidade produzida através de técnicas de reprodução assistida, famílias reconstruídas e outras formas de construção de vínculos de amamentação e cuidado que desafiam as regulamentações sobre a maternidade.

Editoras do dossiê:

Dra. Valentina Brena, Departamento de Antropología Social, FHCE, UDELAR.

Dra. Natália Fazzion, Nucleo de Estudios de Género, PAGU, UNICAMP.

Dra. Marina Nucci, Instituto de Medicina Social, UERJ.

* Texto originalmente publicado na Revista Uruguaia de Antropologia e Etnografia. Acesse aqui a página da revista.

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