CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

CLAM na Anpocs

O 29º Encontro Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais (Anpocs) aconteceu entre os dias 25 e 29 de outubro, em Caxambu. O CLAM participou do Encontro através dos GTs “Corpo, Biotecnologia e Saúde” e “Sexualidade, Corpo e Gênero” e das mesas-redondas “30 anos de feminismo no Brasil” e “O amor contemporâneo: o estado da arte”.

O GT “Corpo, Biotecnologia e Saúde” (veja o resumo abaixo) teve a coordenação da antropóloga Jane Russo (CLAM/IMS/Uerj) e de Ceres G. Victora (PPGAS/UFRGS) e Cynthia Andersen Sarti (Unifesp). O GT discutiu temáticas amplas, tais como: Medicina e Saúde formas de gestão da vida; Corpo e biotecnologia: formas de difusão e de resistência; Bioética e novas tecnologias de intervenção sobre o corpo; e Corpo, estética e consumo.

O GT “Sexualidade, Corpo e Gênero” (veja o resumo abaixo) foi coordenado pelos antropólogos Sérgio Carrara (CLAM/IMS/Uerj), Maria Filomena Gregori (Unicamp) e Julio Assis Simões (USP).

Nos dias 26 e 27, duas mesas-redondas contaram com a presença da antropóloga Maria Luiza Heilborn (CLAM/IMS/Uerj): uma mesa coordenada por ela e por Bila Sorj (IFCS/UFRJ), intitulada “30 anos de feminismo no Brasil”, e outra na qual ela foi uma das expositoras, chamada “O amor contemporâneo: o estado da arte”.

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Veja o resumo do GT “Corpo, Biotecnologia e Saúde”

Título: Corpo, biotecnologia e saúde

Coordenadoras: Jane A. Russo (IMS –UERJ)

Ceres G. Victora (PPGAS- UFRGS)

Cynthia Andersen Sarti (UNIFESP)




Desde a segunda metade dos anos 90 formou-se nos encontros anuais da ANPOCS um grupo de pesquisadores em torno da temática do corpo, da saúde e suas perturbações. A qualidade e o volume dos trabalhos apresentados justificou, no decorrer de pelo menos uma década, a constituição de GT´s e ST’s que funcionaram como importante forum de discussão e debate para pesquisadores seniors desta área, bem como para mestrandos e doutorandos que nela ingressavam (GT “Pessoa, corpo e doença” no triênio 94-96; ST “Sexualidade e subjetividade” em 97; GT “Pessoa, corpo e saúde” no triênio 98-2000; ST “Natureza e cultura, uma fronteira em discussão” em 2001; GT “Pessoa e corpo: novas tecnologias biológicas e novas configurações ideológicas” no biênio 2002-3; ST “Cultura, políticas e atendimento de saúde” em 2004). Trata-se de um campo de investigação cuja relevância tende a aumentar na medida em que cabe às ciências sociais fazer face, de forma crítica e propositiva, a dois importantes fenômenos contemporâneos: (1) a invasão avassaladora das biotecnologias no campo médico produzindo novas questões éticas e políticas que extrapolam as possibilidades técnicas do saber médico; (2) o florescimento de um conjunto de práticas de cuidado de si que, associadas à multiplicação das biotecnologias, têm no corpo seu principal alvo de intervenção. Fomentar e produzir uma reflexão sobre esses fenômenos a partir das ciências sociais visa tanto fornecer uma alternativa às análises naturalizantes vindas do campo biomédico, quanto contribuir para o debate em torno da fronteira imaginária entre natureza/biologia e sociedade/cultura. A relevância de tais questões nos parece evidente na medida em que dizem respeito a novos modos de controle dos indivíduos e das populações que, sem passar necessariamente pelo poder do Estado, apontam para o surgimento de um novo sujeito político e para uma nova forma de constituição de si enquanto cidadão no mundo público.

As mudanças no que se poderia chamar “gestão da vida” no que tange ao corpo e à saúde se verificam em várias direções que ora se opõem, ora se complementam. Por um lado, as chamadas biotecnologias invadem, através da medicina e seus agentes, a vida de todos em maior ou menor grau. Como exemplos poderíamos citar os diversos exames a que são submetidas gestantes no curso de uma gravidez normal, ou a parafernália de aparelhos e intervenções que podem cercar a vida de uma pessoa acometida por uma doença grave. Saúde e corpo parecem, mais do que nunca, estar atrelados a aparelhos e intervenções técnicas e bioquímicas. É possível ver nessa hiper-tecnologização da vida uma forma cada vez mais aguda e contundente da medicalização cujas raízes datam de fins do século XIX. Um dos objetivos da nossa proposta é examinar as novas formas de gestão da vida implicadas nessa difusão das biotecnologias, e suas conseqüências na produção dos seres humanos e seus corpos.

A produção de um corpo saudável, entretanto, não envolve apenas a intervenção biotecnológica, mas também uma intervenção sobre si mesmo. O cultivo do próprio corpo implica uma grande dose de adestramento e cuidados, a partir do qual se constrói um corpo ao mesmo tempo saudável, belo e jovem. O surgimento e expansão dessa espécie de culto à boa/bela forma física envolve tanto o uso e abuso de recursos advindos da biotecnologia (como determinados medicamentos, próteses, cirurgias), quanto sua recusa – que se expressa na busca pelas chamadas terapias “alternativas”, na escolha de uma alimentação “natural”, nos diversos movimentos de “humanização” da medicina.

Poderíamos resumir assim a indagação que norteia nossa proposta: como essas tendências em tensão se articulam nos novos modos de gestão da saúde e dos corpos.

Propomos para as sessões previstas temáticas razoavelmente amplas, que poderão ter seu foco mais especificado a partir dos resumos recebidos:

– Medicina e saúde: formas de gestão da vida

– Corpo e biotecnologia: formas de difusão e de resistência

– Bioética e novas tecnologias de intervenção sobre o corpo

– Corpo, estética e consumo





Veja o resumo do GT “Sexualidade, Corpo e Gênero”



Título: Sexualidade, Corpo e Gênero



Coordenadores: Maria Filomena Gregori (Unicamp)

Sérgio Carrara (IMS/Uerj)


Julio Assis Simões (USP)



Nas Ciências Sociais brasileiras, os estudos que tratam de temas relacionados à sexualidade, corpo e gênero constituem um campo diversificado e que abrange uma multiplicidade de enfoques, desde a regulação do comportamento sexual e os valores subjacentes até às expressões identitárias (de cunho político e/ou estético) relacionados a práticas afetivo-sexuais. O objetivo desse grupo de trabalho é o de discutir estudos que apresentem instrumentos para o refinamento teórico e metodológico a partir de investigações que, tomando variadas manifestações relativas ao corpo e à sexualidade, destacam-se as conexões entre gênero e outras categorias de diferenciação, tais como idade, raça, etnia e classe social. Pretende-se que as sessões sejam delimitadas em meio às seguintes temáticas: erotismo, práticas sexuais e indústria do sexo; escolhas, identidades e direitos sexuais; curso da vida e gerações nos usos, técnicas e tecnologias corporais; produção cultural e uso da imagem.