CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Direitos humanos e neoliberalismo

A defesa dos direitos sexuais pode estar alinhada com o ativismo antiimperialista ou participa involuntariamente das formas de imperialismo cultural? Os direitos sexuais podem estar desvinculados da política neoliberal?



Segundo Greg Mullins, professor de literatura americana da Universidade de Evergreen, Washington, estes são alguns dos desafios para aqueles que trabalham na área dos direitos sexuais. O pesquisador discorreu sobre a temática “Uma nova política de reconhecimento”, no dia 05 de setembro, no auditório do Instituto de Medicina Social, da Uerj.



“O reconhecimento não está apenas no seu sentido político clássico, ou seja, o cidadão que é reconhecido pelo Estado, mas também em um sentido poético e erótico. Eu acredito que o erótico e o poético têm conseqüências políticas”, afirma Mullins.



Segundo o professor, a dominação imperialista no mundo contemporâneo é implementada em parte pelos programas econômicos neoliberais, os quais incorporam um discurso seletivo dos direitos humanos. Os atores políticos que defendem o neoliberalismo, por exemplo, efetivam uma série específica de direitos humanos, tais como o direito ao voto ou a liberdade de pensamento.



“O discurso alternativo de direitos humanos pode ser usado para criticar o imperialismo e o neoliberalismo. Os direitos à saúde, à educação, ao trabalho e à preservação do meio ambiente contestam e até mesmo contradizem um regime econômico neoliberal. Entretanto, quando falamos em sexualidade e direitos, e mais especificamente na manifestação do desejo aos do mesmo sexo, não podemos perceber imediatamente se são esforços neoliberais ou anti-neoliberais que sustentam os direitos sexuais”, finaliza Mullins.