CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Feminismo no centro dos debates

A proposta do 10º Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe, que aconteceu entre os dias 9 e 12 de outubro, em Serra Negra (São Paulo), foi buscar uma conexão entre o feminismo e as questões que estão colocadas hoje na região e no mundo. O eixo central do evento, porém, foi a interface entre feminismo e democracia.

“O feminismo, dadas as tarefas que a conjuntura lhe impôs nos últimos anos, separou-se um pouco da reflexão do próprio feminismo como pensamento crítico e prática política. Para retomar a discussão do feminismo como pensamento político, o conceito de democracia é fundamental, porque a partir de uma concepção feminista aprofundada de democracia será possível enfrentar politicamente as várias visões, as várias correntes de pensamento, expressando o compromisso feminista com a construção da própria democracia”, afirmaram as organizadoras, todas atuantes em diferentes campos feministas, como o movimento de mulheres negras, movimento lésbico, movimento de jovens, movimento de saúde e direitos sexuais e reprodutivos e o movimento pelos direitos humanos, entre outros.

Desde o início dos anos 80, os Encontros Feministas Latino-Americanos e do Caribe têm sido um espaço de articulação política regional. Por meio desses Encontros, as feministas passaram a tecer redes de atuação coletiva, definir datas de lutas comuns e firmar laços políticos de identidade e solidariedade regional.

Como os contextos político, econômico e social da América Latina e do Caribe mudaram substantivamente – a globalização, o modelo econômico e as transições para diversas formas de democracia são algumas destas mudanças – o Encontro foi um espaço de debate e de elaboração de novas perspectivas para o pensamento feminista a partir de um enfoque de radicalização da democracia. O que se pretendeu no evento foi pensar quais as estratégias e os processos que devem ser desencadeados para que os Encontros Feministas venham a ser um espaço de construção de pensamento e prática política do feminismo na região e como potencializá-los para reforçar redes de articulação e solidariedade.

Outra questão discutida foi a especificidade dos Encontros Feministas. Para as organizadoras, o maior desafio era como conseguir neste 10º Encontro relacionar-se com a diversidade das práticas e ações do movimento feminista como utopia e complexidade, e quais conteúdos devem dar a este espaço próprio.

“Há uma multiplicidade e diversidade de movimentos de mulheres que atuam no contexto político da América Latina e do Caribe. Esta diversidade de atuações, interesses e ênfases impõe diferentes desafios. Em muitos espaços, a diversidade dos movimentos tem sido vivida como fragmentação”, observaram.

Os Encontros Feministas acontecem desde 1981, ano em que foi realizado o primeiro deles, em Bogotá, Colômbia. Da edição atual do evento participaram mais de 1.200 mulheres de 27 países.

Mais informações no site www.10feminista.org.br.