CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Gravidez na adolescência discutida em plenário

O debate “Políticas de Prevenção à Gravidez na Adolescência”, que será realizado às 14h do dia 7 de março, véspera do Dia Internacional da Mulher, no Plenário da Câmara dos Vereadores do Município do Rio de Janeiro, vai tratar de um tema ainda visto por profissionais de diversas áreas – mesmo os da Saúde – como sendo um grande drama. Porém, presente na mesa estará uma voz dissonante no meio desse consenso. “A gravidez precoce não é o drama que se noticia”, observa a antropóloga Maria Luiza Heilborn, professora do Instituto de Medicina Social da Uerj e coordenadora do CLAM. “Ao contrário do que prega a opinião pública, nem há um quadro de caos e desordem nem tampouco a gravidez na adolescência é uma grande tragédia nacional”, completa ela.



Maria Luiza é a coordenadora nacional da pesquisa “Gravidez na adolescência: estudo multicêntrico sobre jovens, sexualidade e reprodução no Brasil (Gravad)”, realizada pelas universidades do Estado do Rio de Janeiro, Federal do Rio Grande do Sul e Federal da Bahia. Foram entrevistados 4.634 jovens de ambos os sexos, entre 18 e 24 anos, numa pesquisa domiciliar realizada nas três capitais destes Estados. Os números resultantes da pesquisa não são tão assustadores. A Gravad identificou que, entre as jovens de 18 a 24 anos, 16,6% tiveram filhos antes dos 18 anos. O porcentual das que tiveram filhos antes dos 15 anos é de apenas 1,6%. Quando se trata de homens, os porcentuais caem para 21,4% antes dos 20 anos, 8,9% antes dos 18 anos e um insignificante 0,6% antes dos 15 anos.



O debate é organizado pela vereadora Aspásia Camargo e, além de Malu Heilborn, estarão na mesa a coordenadora executiva da organização Advocacia Cidadã pelos Direitos Humanos, Rosana Alcântara, e a gerente do Programa em Saúde Coletiva da Secretaria Municipal de Saúde, Viviane Manso Castello Branco, que apresentará dados da Secretaria. Segundo esses dados, nos últimos dez anos o número de adolescentes que tiveram filho caiu de 19% para 17%, dentro do total de nascimentos no município do Rio de Janeiro. O evento terminará com depoimentos de mulheres que tiveram filhos na adolescência.