CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Histórias d/e disputas

"Nós, bichas”. “Nós, mulheres”. “Nós, negras”. “Nós”, pronome que performatiza a força interpelativa de uma coletividade. E, quando quem fala por mim, incluindo-me neste “nós”, termina por visibilizar-me? E se eu não quiser me incluir, negando-me à visibilidade política? Quem pode falar pelo outro? O debate sobre quem tem direito e poder de falar sobre as múltiplas vozes que se escondem (ou constituem) neste “nós” não cessa de se multiplicar. A pergunta de Gayatri Spivak (Pode o subalterno falar?) desdobra-se em outras tantas: Quem pode falar pel@s subaltern@s? “Falar” no sentido de anunciar publicamente um repertório discursivo que vem ao mundo com desejo de verdade. Quando fechamos o foco de observação em torno de alguns ativismos (por exemplo, lésbico, gay, trans e travesti), a aparente existência de um sujeito coletivo estável desaparece. Neste processo de questionamento de uma suposta ontologia dos sujeitos coletivos, dois livros recentemente lançados são fundamentais para nos inspirar em nossas reflexões e ativismos: Que os outros sejam o normal: tensões entre movimento LGBT e ativismo queer, de Leandro Colling (EdUFBA, 2015), e Incursiones queer en la esfera pública: movimientos por los derechos sexuales en México y Brasil, de Rafael De la Dehesa (versão e-book em: http://sxpolitics.org/…/incursiones-queer-en-la-esfera…/3044). (Continuar lendo…)