CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

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Resultados da pesquisa Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, realizada na Parada do Orgulho GLBT do Rio em 2004, mostram que os homens homossexuais são os que assumem mais facilmente sua identidade sexual e que um número cada vez maior de jovens se dizem bissexuais. A publicação foi lançada no dia 23 de junho, no Museu da República, no Rio de Janeiro.



O estudo, realizado pelo Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM/IMS/Uerj), pelo Centro de Estudos sobre Segurança e Cidadania (CESeC/UCAM) e pelo Grupo Arco-Íris de Conscientização Homossexual, entrevistou 624 participantes da Parada, de diferentes faixas etárias, dos quais 42,1% se declararam gays, 20,2% lésbicas, 18,3% heterossexuais (em sua maioria mulheres), 11,8% bissexuais e 5,4% transgêneros, categoria que inclui as travestis e transexuais. Segundo o documento, foi a presença de heterossexuais que sofreu a variação mais significativa, crescendo de 11,1% em 2003, para 18,3% em 2004, o que pode ter sido resultado da crescente atração de heterossexuais simpatizantes com a causa homossexual.


Também se observou uma variação expressiva quanto à bissexualidade, em relação ao estudo feito em 2003. Homens e mulheres que se declararam “bissexuais” continuam a se concentrar entre os mais jovens: 24% dos entrevistados com até 21 anos, enquanto apenas 12,6% dos que tinham 40 anos ou mais fizeram o mesmo.



“Não podemos assegurar se essa concentração de bissexuais entre os mais jovens é efeito de processos relacionados ao ciclo de vida, já que nessa faixa etária as identidades poderiam não estar ainda claramente estabelecidas, ou se estamos vendo firmarem-se nestas gerações novas formas de identidades sexuais”, dizem os coordenadores da pesquisa Sergio Carrara e Silvia Ramos.



Uma novidade que tem sido notada entre as meninas em casas noturnas freqüentadas por jovens heterossexuais é beijar outras meninas… na boca. O assunto Meninas que beijam meninas (sem assumirem-se necessariamente como lésbicas) tem sido tema de reportagens e capa de revistas direcionadas ao público teen. Na TV, num dos episódios do seriado Sex and the city, a protagonista Carrie (Sarah Jessica Parker) se envolve com um homem mais jovem e bissexual. Ao comentar o caso, a amiga Samantha (Kim Catrall) afirma que a juventude está going bi – em português, tornando-se bissexual.



Fora do armário



O questionário também procurou saber para quem a pessoa já revelou sua orientação sexual: 89,9% dos entrevistados disseram tê-la declarado aos amigos; 78% para os familiares; 62,5% aos colegas de trabalho; 60% para colegas de escola e 59,9% para profissionais de saúde. Apenas 3,5% ainda estavam “no armário”.



Se separados por identidades sexuais, os resultados mostram que os homens homossexuais são os que mais tornam pública sua orientação sexual. As mulheres homossexuais têm mais dificuldades em falar sobre sua orientação sexual, especialmente para colegas de trabalho, enquanto os bissexuais continuam tendo expressiva dificuldade em revelar tal prática em qualquer ambiente social.



Depois de ser realizada no Rio em 2003 e 2004, e em Porto Alegre em 2004 (em finalização), a pesquisa foi feita pela primeira vez na Parada do Orgulho GLBT de São Paulo, em 2005, que reuniu mais de 2 milhões de pessoas na Avenida Paulista, no dia 29 de maio.