Direitos sexuais provocam pânicos morais? A questão é o foco principal da V Conferência Internacional – Direitos Sexuais e Pânicos Morais, que a Associação para o Estudo da Sexualidade, Cultura e Sociedade (IASSCS) da Universidade Estadual de São Francisco, nos Estados Unidos, estará promovendo entre os dias 21 e 24 de junho. A proposta da Conferência, sediada pelo Centro Nacional de Recurso em Sexualidade do IASSCS, é examinar como a sociedade e a mídia respondem a debates sobre temas como aborto, homossexualidade, educação sexual, identidades GLBT e violência sexual, entre outros.
A antropóloga Maria Luiza Heilborn, coordenadora do Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos (CLAM), apresentará o tema “Gravidez na adolescência, Pânicos Morais e Mídia no Brasil”.
Partindo de dados da Pesquisa Gravad “Gravidez na adolescência – estudo multicêntrico de sexualidade, reprodução e juventude no Brasil”, a qual coordena, Malu Heilborn fará uma análise do olhar preconceituoso da mídia brasileira sobre o tema, através do estudo de casos dos principais jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, que têm circulação nacional. A idéia é refletir sobre o quanto esses veículos, ao enfocar o assunto, ajudam a disseminar o medo e o pânico moral na população, e a construir uma visão de caos e desordem através de textos escritos por conceituados jornalistas e articulistas, formadores de opinião.
O pânico moral foi definido pelo sociólogo Stanley Cohen como “uma condição, episódio, pessoa ou grupo de pessoas que ameaçam os valores morais da sociedade e seus interesses”.
“Aqui nos Estados Unidos, ao lado do medo do terrorismo, o medo da sexualidade tornou-se visível. Medo do direito ao casamento de pessoas do mesmo sexo e medo da expansão dos direitos reprodutivos. A sexualidade tem sido mostrada como algo poderoso e perigoso, uma ameaça aos valores morais”, diz o antropólogo cultural norte-americano Gilbert Herdt, diretor do Centro Nacional de Recurso em Sexualidade.
Relações sexuais forçadas será o tema de apresentação da pesquisadora Cristiane Cabral, trabalho oriundo da Pesquisa Gravad. Nele, Cristiane faz uma comparação entre jovens com trajetórias homossexual e jovens com trajetória homo-bissexual, e identifica os pontos de convergência e divergência em relação à iniciação sexual e aos valores que eles têm sobre a sexualidade. Um dos grandes achados da pesquisa, revela a psicóloga e sanitarista, é que os homossexuais sofrem mais coerção sexual do que os heterossexuais.
Pesquisador assistente do CLAM, Igor Torres apresentará um painel que trata do olhar do movimento homossexual carioca sobre os projetos de legalização da conjugalidade entre homossexuais. “Esta é uma das questões, dentro dos direitos sexuais, que sofre bastante pressão moral em nossa sociedade”, afirma ele.
A Conferência aborda outras áreas como o aborto, crimes de ódio e minorias sexuais, HIV/Aids e o acesso a drogas – assunto dos mais debatidos ultimamente com a questão das patentes –, fundamentalismo religioso e trabalho sexual. O evento reunirá acadêmicos, estudantes, ativistas e formuladores de políticas públicas de todo o mundo para discutir a interseção dos direitos sexuais e os pânicos morais.
Para mais informações, acesse http://iasscs.sfsu.edu.