CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Paternidade adolescente e a importância da família

O que acontece na vida de um rapaz de família carente quando ele tem um filho? Quais os desdobramentos desse fato na vida dele? As respostas a essas perguntas são o que tratará a pesquisadora Cristiane Cabral, mestre pelo IMS/UERJ, em sua apresentação “Gravidez na adolescência: negociações na família”, no Seminário Relações Familiares, Sexualidade e Religião.



A pesquisadora verificou que “as negociações estão presentes por todo o processo da paternidade. Na hora em que se descobre a gravidez, ela se dá entre parceiros – levá-la ou não a termo? Muitas vezes a família de um dos jovens deseja que seja feito um aborto e a do outro não. Após o nascimento, há a negociação sobre a formação do casal, se irão morar juntos, onde irão morar. Há um movimento de constituição do núcleo conjugal, independente do tempo que este irá durar, que depende da ajuda das famílias. Estas são fundamentais para o processo de assunção da paternidade, desde a formação do casal à criação do bebê”, relata Cristiane.



Ao consultar a literatura sobre gravidez na adolescência, Cristiane descobriu que quase não há trabalhos acadêmicos sobre paternidade na adolescência, apenas sobre maternidade. Assim, a pesquisadora entrevistou jovens entre 18 e 24 anos que foram pais com menos de 20 e as mães desses rapazes. Ela diz que “queria saber o que acontecia na vida desses jovens e também entender como suas famílias lidavam com o fato deles terem sido pais nessa idade”. Os entrevistados eram moradores de uma comunidade favelada do Rio de Janeiro, com baixa escolaridade e viviam em situação precária. Segundo ela, “quase todos já tinham abandonado a escola e trabalhavam no mercado informal desde antes da concepção. Com o nascimento do filho, essa situação se agrava pois o trabalho se torna prioridade para obter algum tipo de ‘independência’ em relação à família. Dessa forma, a escolaridade fica em segundo plano.”