O CLAM manifesta seu profundo pesar e tristeza pelo falecimento da socióloga Bel Baltar, vítima de um acidente automobilístico ocorrido na terça-feira, 14 de outubro. Maria Isabel Baltar da Rocha era Doutora em Ciências Sociais, com atuação na área de estudos de população, gênero, direitos sexuais e direitos reprodutivos. Professora e pesquisadora do Núcleo de Estudos de População (Nepo) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Bel Baltar teve também papel de destaque no movimento feminista brasileiro – foi Secretária Executiva da Rede Feminista de Saúde –, onde atuou com seriedade e ética em sua militância pelos direitos humanos, pela igualdade de gênero, pelos direitos sexuais e reprodutivos e pela democracia.
Ao longo de sua dinâmica trajetória de vida, foi uma das fundadoras da Associação Brasileira de Estudos Populacionais (Abep), onde atualmente era membro do Conselho Consultivo. Era também integrante da Associação Latino-americana de População (Alap) e do Conselho Consultivo da organização Católicas pelo Direito de Decidir (CDD).
Durante o 10º Encontro Nacional da Rede Feminista de Saúde, realizado na cidade de Porto Alegre, em junho passado, fez um balanço histórico do movimento feminista no Brasil, associando as comemorações dos 20 anos da Constituição Brasileira com a caminhada do movimento das mulheres e sua efetiva atuação nos anos que antecederam a Assembléia Nacional Constituinte de 1988. A socióloga ressaltou que no período houve acréscimos importantes para o feminismo, especialmente na campanha em defesa dos direitos das mulheres durante a Assembléia Constituinte, entre 1986 e 1988, mas nas questões dos direitos sexuais e reprodutivos ainda havia muito para avançar. Segundo ela, em relação à temática do aborto, na qual era uma das especialistas no país, o movimento não conseguiu superar a barreira conservadora do Congresso. Na ocasião, Bel Baltar enfatizou ainda que quando se fala em integralidade na saúde da mulher é preciso utilizar os instrumentos do controle social para que se exerça uma vigilância constante. Nessa área, disse ela, faltam mais esclarecimentos sobre a contracepção de emergência e a prática do aborto seguro como um direito de escolha da mulher.
Para todos que a conheceram, a perda de Bel Baltar deixa um enorme vazio tanto nos fóruns acadêmicos quanto no movimento feminista. Em todos os espaços, atuou com muita seriedade, comprometimento e responsabilidade.