CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

‘Por quê não é direito da mulher querer ter menino ou menina?’

Na Índia, o aborto é legalizado há mais de trinta anos, mas por vergonha e desinformação as mulheres procuram clínicas clandestinas para abortarem. Com isso, cerca de 600 mil abortos por ano são realizados ilegalmente. O quadro foi apresentado pela psicóloga Radhika Chandiramani, diretora do TARSHI (Talking About Reproductive and Sexual Health Issues – Falando Sobre Saúde Sexual e Reprodutiva), centro localizado em Nova Déli, Índia.



Radhika contou que no sul e sudeste asiático o aborto é ilegal em nove países devido a motivos religiosos. Já na China, Índia, Singapura e Vietnam o aborto é legalizado. Mas vergonha e desinformação não são as únicas causas que levam as mulheres a abortarem na Índia, apesar da prática ser legalizada no país há três décadas. Há um outro fator cultural. “Muitas mulheres abortam depois da detecção do sexo feminino do feto”, observou a psicóloga. A prática, conhecida como aborto seletivo, é comum entre as indianas. Há ainda o conceito do pecado e a crença no karma.



“Vivemos numa sociedade patriarcal que valoriza os meninos sobre as meninas. O que nos leva a questionar: por quê não é direito da mulher querer ter menino ou menina? Até onde vai o direito de escolha? Na maioria dos países asiáticos, não vai além do sexo vaginal”, disse Radhika, lembrando que o fato de o aborto ser legal no país não significa que haja um movimento feminista forte por lá. O aborto faz parte do programa de planejamento familiar do governo, visando o controle populacional de um país com mais de um bilhão de habitantes.



Nos mesmos países asiáticos que condenam o aborto, a homossexualidade também é proibida. Na Índia e no Sri Lanka existe um artigo que a classifica como ofensa à natureza.



A sexualidade no mundo