A pesquisadora Claudia Mora (CLAM/IMS/UERJ) concedeu entrevista sobre PrEP e PEP, medicamentos de prevenção ao HIV fornecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ao jornal “Fala roça”, que possui ampla circulação na favela da Rocinha.
Segundo o boletim epidemiológico HIV e Aids 2024 do Ministério da Saúde estima-se que um milhão de pessoas viva com o HIV e Aids no Brasil, sendo que 70% são do sexo masculino. Em 2023, foram notificados 46.495 casos de infecção pelo HIV no país, sendo que houve um aumento de 4,5% quando comparado com os dados de 2022. Desses casos, 63,2% eram de pessoas autodeclaradas negras (49,7% de pardos e 13,5% de pretos), e 53,6% dos casos ocorreram em homens que fazem sexo com homens (HSH). Apesar da queda na mortalidade nos últimos anos, 63% das pessoas que morreram em 2023 eram negras. Esses indicadores exprimem o preocupante contexto de desigualdades sociais e em saúde, onde a informação e a prevenção são essenciais, e se colocam como caminho para mudança no quadro atual. “A prevenção é um direito. E ele começa a se exercer a partir da informação”, afirma Claudia Mora.
A oferta da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (PrEP) começou no país em 2017. De acordo com o Ministério da Saúde, consiste no tratamento preventivo em que, antes da relação sexual, a pessoa toma um comprimido que permite ao organismo estar preparado para enfrentar um possível contato com o HIV. A pessoa em PrEP realiza acompanhamento regular de saúde, com testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
A Profilaxia Pós-Exposição (PEP), que passou a ser disponibilizada no Brasil em 2010, também é uma combinação de medicamentos usada para o tratamento de pessoas que passaram por alguma situação de risco de infecção pelo HIV, ou seja, relações desprotegidas ou em que o preservativo se rompeu e até mesmo em casos de violência sexual.
Segundo Mora, o Brasil tem como objetivo aumentar 300% o uso da PrEP até 2027 e vem sendo adotadas estratégias para aprimorar o acesso à PeP. Um dos aspectos que parecem chave para o alcance das referidas metas são as estratégias de comunicação (comunitárias, massivas e digitais) mobilizadas nesse processo para garantir o direito à prevenção, em consonância com o enfrentamento ao estigma e a redução das desigualdades no acesso à saúde.
A pesquisadora integra a equipe da pesquisa PrEP América do Sul, que objetiva compreender as experiências de acesso, uso e gestão da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) em 17 cidades do Brasil e 4 países da América do Sul.
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