No auditório 91 (9º andar, bloco F) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, campus Maracanã, ocorrerá esta sexta-feira, 9 de março, na programação de 21 Dias Contra o Racismo, este debate com Carlos Medeiros e Thula Pires.
Em meio a graves retrocessos dos direitos da população e do próprio processo democrático no Brasil e na América Latina, a intervenção militar no Rio de Janeiro atropela garantias constitucionais, legitimada diante da opinião pública por um suposto estado de insegurança alimentado por pânicos espalhados pela grande imprensa.
Em uma verdadeira guerra aos pobres o perigo é insistentemente representado por pessoas de pele preta. A vigília sobre essa população e seus territórios é exacerbada e espectacularizada diariamente nos noticiários televisivos e jornais impressos, como no caso da “operação” e ocupação de vila Kennedy, na Zona Oeste e o fichamento de moradores de diversas favelas da cidade.
Em contraponto com essa intervenção, que não é apenas militar, mas também midiática, parece necessário desnaturalizar a própria noção de opinião pública como a soma válida de opiniões individuais, e pensar sua construção como o efeito de forças e conflitos entre diferentes grupos, sujeitos a uma distribuição desigual do espaço de fala e argumentação. Assim como a violência da austeridade econômica e a militarização dos territórios mais pobres afetam primordialmente a segurança e os direitos de pessoas pretas e pobres, sua voz é expropriada em nome de uma cidadania securitizada, “protegida” por um Estado policial.
Thula Pires é doutora em Direito e professora da PUC-Rio.
Carlos Medeiros é jornalista, com mestrado em Ciências Jurídicas e Sociais pela UFF, autor de Racismo, preconceito e intolerância (com os antropólogos Jacques D’Adesky e Edson Borges) e Na lei e na raça. Legislação e relações raciais Brasil – Estados Unidos.