CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

“Sexualidade, saúde e sociedade” Número 5

Editorial


 Sergio Carrara


Este primeiro número do segundo ano de Sexualidad, Salud y Sociedad – Revista Latinoamericana está marcado por uma ênfase nas temáticas referentes à saúde sexual e reprodutiva. Quatro dos artigos abordam tais temáticas a partir de perspectivas diversas. Três deles tratam das expressões identitárias e das trajetórias reprodutivas femininas, além das experiências, emoções e percepções das mulheres acerca da gravidez, da maternidade e da vulnerabilidade ante o HIV/Aids. O quarto artigo se baseia em entrevistas com profissionais da saúde e se orienta na violência – ao mesmo tempo de gênero e de classe – que atravessa a prática de pediatras e ginecologistas.


Os outros três artigos deste número discutem temas relacionados mais diretamente com os direitos sexuais: as atitudes de universitários(as) chilenos(as) em relação à homossexualidade; o modo que se constrói como problemas social e político no Brasil a categoria “violência sexual contra crianças”; e uma reflexão sobre as “porosas” fronteiras entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro. O primeiro e último artigo deste número, ambos baseados principalmente em fontes documentais e textuais – com uma significativa ênfase na legislação – apontam idéias inovadoras para aprofundar-se na abordagem de temas candentes como a pedofilia e o Estado laico.

Vale destacar também a diversificação dos contextos sociais que os artigos apresentam como referência empírica. A maioria coloca, em primeiro plano, lugares marcados pela distância social e simbólica que mantêm com os grandes centros urbanos, ou dentro deles, com as áreas e bairros mais prósperos. Os leitores desta edição serão levados de forma mais ou menos direta a lugares tão diversos como a Comuna de Panguipulli, na região chilena de Los Ríos; ao bairro de Madureira, na Zona Norte da cidade do Río de Janeiro; à província de Orellana, na Amazônia equatoriana; à cidade de Salta, no Noroeste argentino; e à Antofagasta, no norte do Chile. Corresponde a essa diversidade de espaços uma maior amplitude de sujeitos envolvidos, alguns dos quais – como as populações rurais e indígenas – não haviam sido contemplados pelos artigos publicados até o momento.

Nesse sentido, este quinto número amplia as aproximações que a revista acolhe, seja em relação às abordagens e temas, seja em relação aos sujeitos e contextos. Continua assim, e é este um de seus principais objetivos, a estender os diálogos regionais sobre as relações existentes (e as desejáveis) entre sexualidade, saúde e sociedade.

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