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Entre os 973 entrevistados na pesquisa Política, Direitos, Violência e Homossexualidade, realizada na Parada do Orgulho GLBT de São Paulo de 2005, 72,6% identificaram-se como “gay”, “lésbica”, “travesti”, “bissexual” ou “transexual”, enquanto os homens e mulheres heterossexuais somaram 25,6% dos entrevistados. Porém, mesmo sendo composta por uma maioria homossexual, a quase totalidade dos entrevistados no estudo (93,1%), inclusive os heterossexuais, concordava com o projeto de parceria civil entre pessoas do mesmo sexo, uma das principais bandeiras de luta do movimento gay brasileiro. “Isso pode dar uma idéia do caráter emblemático que tem assumido no Brasil o reconhecimento público, por parte da sociedade e do Estado, das relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo”, analisam os autores do documento, os pesquisadores Sergio Carrara (CLAM), Silvia Ramos (Cesec), Julio Assis Simões (USP) e Regina Facchini (APOGLBT-SP).
Apenas 3,8% dos entrevistados declarou não conhecer o assunto suficientemente para opinar. Entre o grupo auto-definido como heterossexual, 84,1% dos homens e 97,1% das mulheres disseram concordar com o projeto. Segundo o documento, os principais motivos dos que disseram concordar foram: “porque os direitos devem ser iguais para todos” (59,1%); “porque o patrimônio construído em conjunto deve ser dividido” (18,2%) e porque o próprio entrevistado “quer se casar e ser feliz” (12,6%). Entre os principais motivos dos poucos que disseram discordar (25) destacam-se: “porque casamento no papel não é importante” e “porque casamento é coisa de heterossexual”.
O documento apresenta também as opiniões sobre gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros terem ou criarem filhos. Neste caso, a concordância foi um pouco menor do que a manifestada sobre parceria civil, atingindo 85,1% dos entrevistados. Quase metade dos que concordaram (47,1%) justificou sua opinião afirmando que “a opção sexual não influencia na criação dos filhos”, enquanto 26,6% apontaram que “todos devem ter os mesmos direitos”. A possibilidade das crianças terem “estrutura mental confusa” foi a razão mais alegada (25,8%) entre os que discordaram da proposição, seguida pela idéia de que “filho é coisa para heterossexual” e de que crianças criadas por gays, lésbicas, trans e bissexuais sofrerão preconceitos. No outro extremo, 19,4% dos que discordaram não souberam explicar sua posição.
Em 2005, a parceria civil entre pessoas do mesmo sexo foi o tema da parada e principal bandeira de luta. Os manifestantes buscavam pressionar o Congresso para aprovar o projeto de lei que regulamenta as relações afetivo-sexuais entre pessoas do mesmo sexo, o qual vem sendo discutido pelos parlamentares desde 1995.