As transformações das estratégias de prevenção das IST/Aids na quarta década da epidemia se caracterizam pela despolitização da prevenção somado ao apagamento da sexualidade, menor atenção aos aspectos estruturais, e a emergência de tecnologias biomédicas. No Brasil tais tecnologias têm sido implementadas nos anos mais recentes sob o escopo da Prevenção Combinada, priorizando o uso de antirretrovirais para a redução da transmissão do HIV, como a profilaxia pré-exposição (PrEP) e pós exposição (PEP). Este modelo enfatiza na “esperança” das biotecnologias junto ao cálculo de riscos individuais, além de discursos e práticas tecnocráticas e individualizantes. A divulgação destas tecnologias depende da difusão de informações especializadas e da disponibilidade de equipamentos capazes de brindar prevenção de modo personalizado e baseado em protocolos clínicos. Entretanto, estas estratégias focam em “populações chave” (gays, mulheres transexuais e prostitutas), cujas condições de vida e acesso a serviços de saúde se caracterizam por significativas barreiras estruturais e sociais. Sintetizando, a divulgação das profilaxias emerge como uma dimensão chave para compreender as barreiras de acesso dos grupos aos quais estão dirigidas, além de constituir uma importante fonte de análise sobre as representações sobre a epidemia de Aids na atualidade.
Integrantes: Claudia Mora (coordenadora) e Simone Monteiro (FIOCRUZ).