A partir do tema do cuidado e governo da infância no contexto da pandemia do COVID-19, o objetivo do projeto é mapear e analisar as controvérsias e conflitos em torno da gestão estatal da (não) retomada das atividades escolares presenciais no município do Rio de Janeiro nos anos de 2020 e 2021 e seus efeitos na vida de famílias atravessadas por relações de gênero e geracionais, mas também por marcas de raça, classe e território. Em termos teóricos, o intuito da pesquisa é aprofundar as investigações sobre as articulações entre gênero, família e Estado, que já vêm sendo desenvolvidas pela pesquisadora em trabalhos anteriores, à luz de uma perspectiva analítica interseccional. Pretende-se também com a pesquisa contribuir para o debate interdisciplinar sobre diferentes aspectos da gestão da pandemia do COVID-19, a partir de uma perspectiva socioantropoógica. Em termos metodológicos, a pesquisa será baseada em etnografia de documentos, (auto)e (net)etnografia de redes sociais e entrevistas e dividida em cinco frentes de investigação: 1) Análise de documentos de entidades científicas nacionais e internacionais sobre o tema “covid e escolas”, a partir de buscas nos sites oficiais da Fiocruz e da Organização Mundial de Saúde (OMS), bem como no Portal da BVS (Biblioteca Virtual em Saúde); 2)Levantamento e análise de atos administrativos do poder executivo municipal e estadual e decisões judiciais estaduais sobre o tema da retomada presencial das atividades escolares, com ênfase no governo do (não) retorno presencial escolar no município do Rio de Janeiro, 3)(Auto)etnografia de um grupo de whattapp de mães e pais de uma creche particular da zona sul do Rio de Janeiro e uma (n)etnografia das páginas públicas da rede social Facebook do Movimento de Mães, Pais e Responsáveis pela Escola Pública Municipal Carioca (MovEM-Rio) e da campanha #LugardeCriançaénaEscola, liderada por um grupo de pediatras no Facebook e Instagram; 4) Entrevistas com algumas mães de crianças pequenas (0-6 anos) de creches/escolas particulares e públicas do Rio de Janeiro sobre os efeitos da suspensão das atividades presenciais, bem como sobre as decisões de (não) retorno em cada caso. Os atores envolvidos neste controverso e diversificado campo de experiências e debates serão socialmente localizados a fim de situar os posicionamentos e perspectivas à luz dos marcadores sociais da diferença que os constituem.
Integrante: Laura Lowenkron – Coordenador.
Financiador(es): Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do RJ – Bolsa.