CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

EAD termina com êxito

“No início do curso a distância Gênero e Diversidade na Escola, percebi que o enfoque dado nas aulas a muitas questões e a minha maneira de concebê-las estavam bem próximos, especialmente em relação a gênero e a diversidade racial. Porém, outras questões bateram de frente com o que eu achava certo ou errado, como a homossexualidade, por exemplo”, lembra a professora Ana Paula Souza Maia, do Núcleo de Tecnologia Educacional da Secretaria de Educação do Estado de Rondônia. O curso a distância Gênero e Diversidade na Escola aconteceu entre os dias 05 de junho e 12 de setembro e teve com público alvo profissionais da rede pública de ensino das cidades de Niterói e Nova Iguaçu (RJ), Salvador (BA), Dourados (MS), Maringá (PR) e Porto Velho (RO).

Resultado da parceria entre a Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), a Secretaria de Educação a Distância (SEED-MEC), a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), o Conselho Britânico e o CLAM, o curso foi oferecido na modalidade de ensino a distância pela internet por meio do e-Proinfo, ambiente virtual de aprendizagem do MEC. Através da abordagem das temáticas de gênero, sexualidade e igualdade étnico-racial, o projeto visava à formação de educadores e educadoras da rede pública que atuam entre a 5ª e 8ª séries do Ensino Fundamental. O CLAM coordenou a elaboração do material didático; selecionou via Internet o(a)s cursistas; selecionou e treinou professores on-line e orientadores de temas e, em parceria com o governo federal, consolidou o curso até sua etapa final.

Ana Paula acredita que o projeto foi bem sucedido em sua proposta de fornecer aos professores cursistas elementos para transformar as práticas de ensino e desconstruir preconceitos. “O curso abriu horizontes e me fez enxergar as coisas com outros olhos. Aprendi e aprimorei meus conhecimentos em relação a assuntos como união civil e a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, por exemplo, mesmo tendo consciência que ainda existe em mim uma questão enraizada em relação à aceitação plena da homossexualidade. De todo modo, o curso serviu como um primeiro impacto e tenho certeza de que, daqui pra frente, vou tratar esses temas de forma diferenciada, com mais cautela. Agora sei como caminhar e tomar decisões em sala de aula de acordo com as necessidades”, afirma.

Leandro Zulin, professor da cidade de Maringá, no Paraná, lembra que “no início do curso desconhecia totalmente o que viria a ser gênero. No decorrer do curso, fui adquirindo conhecimento e embasamento teórico. Todos os módulos traziam uma nova visão e um novo assunto, o que me proporcionou um aprendizado importantíssimo. Hoje tenho consciência de que os assuntos discutidos no curso não devem ser esquecidos pelo currículo escolar, pois se eu, um professor formado, desconhecia o assunto, imagine nossos alunos. Portanto, falar de gênero e diversidade na escola é essencial”, diz ele.

Professor de Matemática, Zulin acredita que professores de todas as disciplinas deveriam se empenhar em desenvolver projetos a serem implantados nas escolas para o aprendizado sobre gênero e diversidade. “Assim, chegaríamos a um número grande de idéias diferentes. Isto aumentaria muito o respeito às diferenças no ambiente escolar”, argumenta.

Para as instituições promotoras, este é um grande resultado, já que a proposta era sensibilizar os professores em relação a temas ditos difíceis e muitas vezes enfrentados em sala de aula. “O curso não pretende ensiná-los a abordar os temas, e sim discutir questões que dizem respeito aos direitos humanos e que ‘atravessam’ a sala de aula cotidianamente”, observa Leila Araújo, gerente de projetos do CLAM e uma das coordenadoras executivas do projeto.

Com 33 professores on-line treinados e 4 orientadores de tema, o curso teve uma carga horária de 200 horas: 30 delas, trabalhadas em aulas presenciais e 170 horas via Internet. As aulas presenciais aconteceram em cada município-pólo, entre os meses de maio e junho de 2006. A etapa de ensino a distância, ocorrida entre os dias 05 de junho e 12 de setembro de 2006, comportou cinco módulos organizados de modo a promover um debate articulado das questões relativas à discriminação de gênero, étnico-racial e por orientação sexual.

Os cursistas foram avaliados em quatro itens: participação no fórum de discussão criado pela e-Proinfo, auto-avaliação, memorial e trabalho final, projeto no qual eles apresentam uma proposta de abordagem do tema em seu ambiente de trabalho. Na fase final, Leandro Zulin, que no início do curso desconhecia as questões de gênero, apresentou o projeto Uma abordagem sobre o panorama da cidade de Maringá com relação ao gênero.