O presente projeto de pesquisa e extensão visa cartografar diversas dimensões das subjetividades de pessoas em privação e restrição de liberdade no Sistema Prisional do Rio de Janeiro. Entendemos a subjetividade como indissociável da ideia de produção ou rede processual, como produção permanente de si e da/o outra/o, como contorno provisório em processo e como um complexo entramado de forças constituídas por saberes e poderes. Diante disso, embora não consideremos a passagem pelo Sistema Prisional como um momento completamente isolado do resto da vida espacial e temporalmente, mas caracterizado por uma permeabilidade que aciona determinadas políticas de vida, acreditamos que essa experiência é composta por uma gramática particular de relações que é necessário explorar. Nesse sentido, a pesquisa-extensão contempla três eixos. Eixo 1: Parentalidades em privação de liberdade. Pretende conhecer como pessoas internas do Sistema Prisional no estado do Rio de Janeiro pensam e vivenciam maternidades e paternidades em suas histórias de vida e/ou em suas práticas cotidianas e como estas experiências são atravessadas pela restrição e privação de liberdade. Pretende também conhecer modos de exercício da parentalidade antes da e durante a privação de liberdade. Eixo 2: Mulheres e subjetividades em restrição de liberdade. Pretende explorar a relação de mulheres em regime semiaberto com o próprio processo de restrição de liberdade. A partir de projetos de pesquisa e extensão anteriores, onde as mulheres nessas unidades expressaram a especificidade da restrição de liberdade no que tange a de que forma essa condição movimenta suas trajetórias familiares, profissionais e de vida, diferentemente dos processos presentes em unidades de privação de liberdade, achamos necessário aprofundar nas tensões que surgem nesse processo. Eixo 3: Casamentos, afetos e família de pessoas LGBT em privação e restrição de liberdade. Pretende estudar as relações de afetos e casamentos de pessoas LGBT no interior das prisões. Partindo da ideia que os muros da prisão não se encerram neles próprios, mas são produtores de outras e novas configurações de relações, pretende-se discutir quais são os dispositivos acionados quando alguém casa na prisão, quais atritos, permeabilidade, porosidades, capilaridades circulam e atravessam os casais no momento em que chegam, casam e separam. Estes relacionamentos ganham fluidez quando da entrada/chegada através de bilhetes, investidas, presentes, dinheiro. É possível após alguns dias os casais passarem a ficar juntos na mesma cela, o mesmo acontece quando separam, sendo possível trocar de cela. Essas relações marcadas pela fluidez e trânsitos na prisão, ainda que esta última seja um dos inúmeros aparelhos reprodutores de violência, controle e poder localizados no seio de uma sociedade desigual, pode ser pensada sob seu aspecto in-produtivo – de subjetividades, afetos, casamentos, deslocamentos, trânsitos, dobras nos diferentes processos de subjetivação.
Integrantes: Anna Paula Uziel – Coordenador / Carolina Sette Pereira – Integrante / Ana Camilla Baldanzi – Integrante / Jimena de Garay Hernandez – Integrante / Larissa Pinto Moraes – Integrante / Lucas Gonzaga do Nascimento – Integrante.