A pesquisadora Érica Sena de Souza, aluna egressa do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, do Instituto de Medicina Social, da UERJ, defendeu a dissertação de mestrado “Vítimas da Covid-19: a ressignificação e a politização do luto no contexto da pandemia”, sob orientação da professora Rosana Castro.
“O trabalho de pesquisa realizado examina as experiências de pessoas vitimadas pela pandemia de Covid-19 no Brasil. Com foco no luto que tomou conta de diversos brasileiros a partir do ano de 2020, esta dissertação aborda a politização do sofrimento das pessoas que sobreviveram à pandemia de Covid-19 e a mobilização das vítimas, que transformaram o luto em luta política e social, a partir da atuação na Associação de Vítimas e Familiares de Vítimas de Covid-19 (AVICO). O texto aborda a emergência das primeiras narrativas de sofrimento de familiares de vítimas de Covid-19 nas redes sociais e explora como tais narrativas de sofrimento se tornaram politizadas, transformando-se em uma plataforma de luta política. A pesquisa revela que, embora muitas vítimas da Covid-19 se sentissem prejudicadas pelo governo durante a pandemia, Bolsonaro ainda contava com um forte apoio, o que demonstra que a politização do luto não se deu de forma homogênea entre os enlutados da pandemia. A AVICO desempenhou um papel fundamental na articulação dessas narrativas de sofrimento em uma plataforma de luta política, utilizando o termo “necropolítica” para descrever o governo de Bolsonaro na pandemia. O texto discute algumas categorias de vítimas, incluindo falecidos, sobreviventes com sequelas, viúvas/viúvos, órfãos, e pais que perderam seus filhos. Cada grupo enfrenta desafios específicos em meio ao contexto da pandemia, desde o luto e a tristeza causados pela perda do familiar, às questões financeiras e a busca por justiça e responsabilização da União Federativa do Brasil. O estudo destaca ainda que o luto das vítimas da pandemia de Covid-19 no Brasil se transformou em uma luta persistente por direitos e justiça. A história da pandemia de Covid-19 contada pelas vítimas deixadas pelo coronavírus e pela necropolítica dos gestores no estado brasileiro (2020/2022) é uma narrativa que está longe de ter um fim definido. No Brasil, o luto das vítimas da Covid-19 evoluiu de uma experiência privada para uma luta coletiva e política, o que se caracteriza como ressignificação da morte e do luto pós-pandemia de Covid-19.”
A dissertação já está disponível na Biblioteca de teses e dissertações do CLAM, no site do Centro, acesse aqui.