CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Artigo publicado sobre maternidade e saúde mental

Os professores e pesquisadores Ueslei Solaterrar (CLAM/IMS/UERJ) e Laura Lowenkron (CLAM/IMS/UERJ) publicaram o artigo “‘Preciso estar bem para cuidar do meu filho’: (des)encontros entre raça, maternidade e loucura”, na Antropolítica – Revista Contemporânea de Antropologia do Programa de Pós-graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense.

O artigo foi publicado no dossiê Maternidades ameaçadas: desigualdades, violências e direitos, organizado por Natália Fazzioni, Carla Villalta e Janaína Gomes. As organizadoras situam o dossiê no contexto das pesquisas da Rede Transnacional de Pesquisas sobre Maternidades Destituídas, Violadas e Violentadas, da Rede Anthera e da equipe de Burocracias, Parentesco, Direitos e Infância, vinculada ao Programa de Antropología Política y Jurídica da Universidade de Buenos Aires. Essas iniciativas articulam investigação acadêmica e colaboração com atores sociais para ampliar o debate sobre justiça reprodutiva e parentalidades contemporâneas. 

Resumo do artigo:

Este artigo explora os (des)encontros entre raça, maternidade e loucura a partir da análise de dois casos de mulheres negras, socialmente lidas como loucas, atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. O relato etnográfico é baseado nas experiências vividas pelo primeiro autor, tanto como pesquisador quanto como profissional e gestor do serviço de saúde mental entre 2020 e 2022. Os materiais utilizados na pesquisa foram prontuários, relatórios sobre os casos, registros de discussão em supervisões semanais de equipe, reuniões intersetoriais e supervisões de território, diário de campo, fotografias, além das memórias pessoais e afetações produzidas a partir do encontro com as mulheres no espaço de convivência e cuidado do CAPS. O artigo examina as estratégias de cuidado da equipe, destacando momentos de apoio e as violências e fracassos que levaram à violação dos direitos reprodutivos e desejos dessas mulheres de maternar. Baseada em uma perspectiva socioantropológica e interseccional, a análise foca na gestão estatal do desejo e do direito à maternidade reivindicado por essas mulheres, bem como nas violações desses direitos e desejos por meio do afastamento compulsório de seus filhos. O artigo também evidencia como essas mulheres deixaram de ser “casos” para se tornarem uma “causa” para a equipe, através de suas estripulias, causações, rebeldias e atrevivências na tentativa de afirmarem o desejo e o direito de serem mães.

Acesse aqui o artigo na íntegra.

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