No dia 28 de março, às 14h30, Tamara Vicaroni, mestranda em Saúde Coletiva pelo IMS/UERJ, irá defender a dissertação “Loucas demais para serem mães: narrativas de profissionais de saúde mental sobre maternidades interrompidas”, orientada pela professora Rosana Castro (CLAM/IMS/UERJ) e coorientada pela professora Laura Lowenkron (CLAM/IMS/UERJ).
Resumo da dissertação:
Esta dissertação busca investigar como os diagnósticos psiquiátricos são mobilizados por profissionais de saúde mental em processos de afastamento entre mães e filhos. A pesquisa é baseada na análise de narrativas dessas profissionais, coletadas por meio de entrevistas realizadas entre setembro e outubro de 2024, sobre três casos atendidos pela rede intersetorial de serviços em municípios do interior do Rio de Janeiro. O objetivo principal é compreender diferentes formas pelas quais o diagnóstico de saúde mental e a experiência da loucura impactam na legitimidade social e na possibilidade de exercício das maternidades. Particular ênfase é conferida em como as interseccionalidades entre diagnóstico, raça, classe social, parceria sexual e território atuam na deslegitimação das maternidades e a possível Destituição do Poder Familiar (DPF). Os resultados da pesquisa apontam que a noção de “(des)organização” das usuárias de saúde mental opera como um critério moral central na definição da legitimidade da maternidade, especialmente em contextos em que os diagnósticos psiquiátricos são mobilizados por profissionais para justificar separações entre mães e filhos. Destaca-se que o par “organizada/desorganizada” não se restringe à caracterização da ordem psíquica, mas abrange normas sociais mais amplas, criando e prescrevendo condições para a (i)legitimidade da maternidade. Conclui-se que o diagnóstico psiquiátrico molda percepções sobre a maternidade de usuárias de saúde mental, operando como um critério de controle e vigilância na vida dessas mulheres.
Palavras-chave: Destituição do Poder Familiar. Maternidade. Saúde Mental. Reforma Psiquiátrica Brasileira.
Mini bio da autora*:
Tamara Vicaroni é mestranda em Saúde Coletiva no Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva – IMS/UERJ; Bacharel (2021) em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Integra o projeto REMA (Rede Transnacional de Pesquisas sobre Maternidade Destituídas, Violadas e Violentadas) contemplado pelo Edital Pró-Humanidades do CNPq. Possui interesse em estudos direcionados à Sexualidade e Gênero, Políticas de Saúde Mental, Reforma Psiquiátrica e Direitos Humanos.
(*texto extraído do Currículo Lattes da pesquisadora)
Local da defesa da dissertação:
Instituto de Medicina Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). Rua Francisco Xavier, nº 529, Maracanã, Rio de Janeiro, RJ.