CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Direitos sexuais na RAM

Mostrar a vitalidade da antropologia no mundo – e, em especial, na América Latina – e sua capacidade de se engajar em questões que afligem a humanidade e de colaborar na construção de um conhecimento sobre os processos que dinamizam o mundo social. Este é o objetivo central da 7ª Reunião de Antropologia do Mercosul, que será realizada entre os dias 23 e 26 de julho de 2007, na UFRGS, em Porto Alegre, sul do Brasil.


Além de promover três das 23 mesas-redondas, o CLAM (Centro Latino-americano em Sexualidade e Direitos Humanos), através de seus pesquisadores, estará coordenando diversos grupos de trabalho (GTs), tendo como foco a temática dos direitos sexuais. No dia 23 de julho, primeiro dia da Reunião, o CLAM lança ainda duas publicações: o livro “Homossexualidade e adoção” (CLAM/Editora Garamond), de Anna Paula Uziel, e a coletânea “Conjugalidades, parentalidades e identidades lésbicas, gays e travestis” (CLAM/Editora Garamond), organizada por Miriam Grossi, Anna Paula Uziel e Luiz Mello, fruto da rede “Parceria Civil, Conjugalidade e Homoparentalidade” criada pelos três pesquisadores.


Veja a lista de mesas e GTs coordenados pelo CLAM:


Mesas-redondas


MR 10 – Saberes sobre a sexualidade


Promoção: CLAM


Coordenação: Fabiola Rohden (CLAM/IMS/UERJ, Brasil)


Resumo:


Nas últimas décadas tem se tornado cada vez mais evidente a proliferação de diversos saberes em torno da sexualidade. Se por um lado temos um aprofundamento da reflexão vinda das ciências sociais, e em especial da antropologia, por outro, temos um substantivo crescimento das especialidades e dos especialistas dedicados à intervenção no domínio da sexualidade. É notável o grande interesse que o tema tem provocado entre médicos e psicólogos; profissionais que têm disputado o privilégio da verdade em torno do sexo. Por meio da expansão desse campo, novos discursos, normas e possibilidades de intervenção têm se concretizado, em particular devido ao destaque que os novos especialistas do sexo têm tido na mídia. Esta mesa pretende discutir esse panorama de modo comparativo considerando as situações de Brasil, Argentina e Colômbia.


Palestrantes: Mauro Brigeiro (Universidad Nacional de Colombia)


Horacio Federico Sívori (CLAM-IMS/UERJ, Brasil)


Jane Russo (CLAM-IMS/UERJ, Brasil)


MR 11 – Direitos sexuais, contracepção e aborto


Promoção: CLAM


Coordenação: Mara Viveros (Escuela de Estudios de Género de Universidad Nacional de Colombia)


Resumo:


Esta mesa aborda os debates em torno dos direitos sexuais e contraceptivos em três países latino-americanos: Chile, Brasil e Argentina. O jogo de forças políticas no movimento pela inclusão e promoção dos direitos sexuais e reprodutivos nestes países será contemplado, e dois temas serão especialmente enfocados: a contracepção de emergência (a pílula do dia seguinte), uma conquista recente no que concerne à sexualidade feminina; e o aborto, as lutas em torno da legalização, as diferentes posições neste campo e as realidades nos distintos contextos sociais.


Palestrantes: Maria Luiza Heilborn (CLAM/IMS/UERJ, Brasil)


Monica Petracci (CEDES, UBA, Argentina)


Claudia Dides (FLACSO, Chile)


MR 12 – Direitos sexuais na América Latina


Promoção: CLAM


Coordenação: Anna Paula Uziel (IP/UERJ e CLAM/IMS/UERJ, Brasil)


Resumo:


Pesquisas realizadas em três países acerca das construções dos chamados direitos sexuais e reprodutivos interrogam as relações entre sexualidade e direitos humanos, assim como o panorama do sistema político e do cenário social em temáticas como a igualdade civil e conjugalidade, orientação sexual e identidade de gênero, sexualidade e reprodução, aborto, violência de gênero e exploração sexual, HIV/AIDS, prostituição e trabalho sexual.


Palestrantes: Mario Pecheny (UBA, Argentina)


Adriana Vianna (MN/UFRJ, Brasil)


Teresa Valdés (CEDEM, Chile)


Grupos de trabalho:


GT 02 – Estudos sobre engajamento militante e mobilização coletiva


Coordenação:Horacio Federico Sívori. (CLAM/IMS-UERJ)


Virginia Vecchioli (UBA, Argentina) 


Resumo:


Este GT se propõe reunir trabalhos dedicados ao estudo das condições sociais, profissionais e políticas que possibilitam a mobilização e defesa militante de uma causa, desde a perspectiva da antropologia. Serão considerados aqueles trabalhos que, baseados em pesquisas empíricas sobre ativismo associativo, como a defesa dos direitos humanos, os movimentos de mulheres, de minorias étnicas, sexuais, religiosas, entre outros, levem em conta os perfis e trajetórias dos seus militantes, os repertórios de ação mobilizados, representações, etc. Nesta perspectiva, o GT se propõe discutir aspectos do complexo trabalho de construção política do engajamento militante e contribuir à reflexão a respeito de modelos teóricos sobre a ação coletiva. A iniciativa surge do trabalho desenvolvido por pesquisadores radicados na Argentina e no Brasil, integrantes do Grupo de Estudos sobre Processos de Politização no Cone Sul (CAS/IDES).


GT 11 – Amor, conjugalidades e parentalidades na contemporaneidade


Coordenação: Anna Paula Uziel (IP/UERJ e CLAM/IMS/UERJ – Brasil)


Florência Herrera (Universidad Diego Portales – Chile)


Resumo:


Na contemporaneidade, palavras referentes a relacionamentos afetivos e sexuais e constituição de família são expressas com freqüência no plural significando, sobretudo, o reconhecimento da diversidade. Uniões entre pessoas do mesmo sexo com ou sem filhos, famílias recompostas, pluriparentalidades, famílias nucleares, parentalidades trans provocam a mídia e incitam as ciências sociais e a justiça a se posicionarem, levando, necessariamente, a complexificar o debate. Este GT tem por objetivo reunir trabalhos de pesquisadores da América Latina que tenham se debruçado nos últimos tempos sobre arranjos familiares, construções de conjugalidade e exercícios de parentalidade, bem como o amor nas relações afetivas.


GT 40 – Ética em pesquisa e trabalho de campo: possibilidades e dilemas


Coordenação: Maria Epele (CONICET/UBA, Argentina) 


Rachel Aisengart Menezes (MN/UFRJ; CLAM/IMS/UERJ, Brasil)


Debatedor: Octavio Bonet (UFJF, Brasil)


Resumo:


Desde o surgimento da antropologia e da pesquisa de campo, diversos antropólogos buscaram refletir sobre as conseqüências da investigação sobre os sujeitos e os grupos pesquisados. A questão da ética na pesquisa antropológica – em especial a etnogrática -, embora presente na preocupação com as conseqüências, cada vez mais suscita dilemas para o antropólogo, sejam eles derivados de novos temas de investigação ou das críticas ao método de trabalho antropológico. A pesquisa etnográfica desenvolvida em contextos dialógicos e intersubjetivos – necessariamente baseada em uma relação pessoal estabelecida em um certo período de tempo – expõe radicalmente tensões éticas inerentes ao trabalho antropológico. O encontro etnográfico se caracteriza por uma extrema complexidade, tendo em vista as permanentes negociações entre o antropólogo e seus sujeitos de pesquisa, quando distintas éticas estão em jogo e estas não são necessariamente explícitas para os sujeitos. Tal complexidade, característica da pesquisa antropológica, é capaz de revelar os diferentes dispositivos pensados para controlar o seu desenrolar. O GT pretende abordar os limites e as possibilidades de investigação etnográfica em áreas temáticas nas quais não há consenso sobre as formas de desenvolvimento de pesquisa – se seriam ou não éticas -, como as relativas à saúde, à sexualidade, ao uso de drogas ilícitas, à religião, delimitação de terras indígenas, relações raciais, dentre outras. Pretende-se debater questões práticas que vêem sendo enfrentadas pelos pesquisadores, tais como a formação dos comitês de ética em pesquisa; os pedidos de autorização – ou não – de pesquisas por esses comitês de ética; as mudanças e/ou reformulações de projetos a partir de dificuldades no campo de investigação, além de problemas suscitados pelo posicionamento do antropólogo no campo, em sua relação com os “nativos” e frente a outras categorias profissionais que não compartilham da perspectiva antropológica. Diante de tais vicissitudes, buscamos refletir sobre os horizontes contemporâneos da pesquisa antropológica, seus limites e tensões, quando do contato entre diferentes “visões de mundo”.


GT 52 – Cuerpos, deseos, placeres y prácticas sexuales “disidentes”: Paradigmas teóricos y etnográficos


Coordenação:Carlos Eduardo Figari (CONICET, GES/UBA, Univ. Nac. de Catamarca, Argentina) 


Maria Elvira Diaz Benitez (CLAM, UFRJ, Brasil) 


Resumo:


El objetivo de este GT es discutir teorías contemporáneas y métodos etnográficos útiles para el estudio de deseos, placeres y prácticas sexuales tradicionalmente interpretados como tipos de perversión y explorar cómo se puede producir conocimiento de las prácticas sexuales/eróticas que desafían los efectos políticos de la abyección/repugnancia. Deseamos abordar las maneras como se construyen subjetividades e identidades colectivas a partir de prácticas sexuales y estilos de vida alternativos, identificar sus condiciones de producción, sus transformaciones y los discursos que los agentes usan para legitimarlas. Pretendemos que las secciones estén delimitadas a partir de los siguientes temas: fenomenología de las prácticas sexuales, industria del sexo, técnicas y tecnologías corporales, formas diversas y alternativas de cuerpos, placeres, y producciones culturales surgidas alrededor de deseos periféricos. Temáticas como homosexualidad, teoría queer, pornografía, BDSM, incesto, zoofilia, pedofilia, entre otras “transgresiones” serán básicas para indagar desde la antropología símbolos y representaciones.


Sexualidade e raça


O tema da sexualidade também será contemplado na Oficina 08 – Antropologia, (Homo) sexualidades e Raça: culturas identitárias em uma perspectiva comparada – como e o que pesquisar?


Ministrantes: Fabiano de Souza Gontijo (UFPI/CNPq, Brasil) 


Laura Moutinho (USP, Brasil) 


Resumo:


O objetivo deste mini-curso é colocar em perspectiva a diversidade e a complexidade do “universo homossexual” de um modo amplo e mais especificamente em seu cruzamento com a questão racial. Através da interface entre homossexualidade e raça pretende-se refletir sobre o fato do elo entre sexualidade e cor/raça se apresentar de modo tão estreito (e complexo). Deste modo, serão abordados e discutidos os aparatos teórico e metodológico que vêm sendo utilizados nas pesquisas sobre tais temáticas e apresentados resultados de investigações realizadas no Sudeste e no Nordeste do Brasil. Serão focalizados os limites e a pertinência de abordagens comparativas na análise das temáticas em foco.


Temas que serão abordados:


1) Antropologia, sistemas de classificação, corporalidade e raça;


2) Culturas identitárias sexuais: a construção social e a formulação/reformulação cultural das práticas sexuais;


3) A pesquisa antropológica sobre homossexualidades e raça/cor: métodos e técnicas. Exemplo I: as homossexualidades e o carnaval carioca em tempos de AIDS. Exemplo II: as culturas identitárias homossexuais nordestinas. Exemplo III: (homo) sexualidade e raça em perspectiva comparada. Exemplo IV: “legislação multicultural”, direitos humanos e cidadania. Exemplo V: amor, (homo) conjugalidades e (homo) parentalidades.