A Rede Transnacional de Pesquisas sobre Maternidades Destituídas, Violadas e Violentadas (REMA) acaba de lançar o quinto episódio do Pod cast “Maternidades ameaçadas” (ouça os demais pod cats aqui), intitulado “Louca demais para maternar?”.
Este episódio aborda os (des)encontros entre raça, maternidade e loucura a partir da reconstrução dos casos de Maria e Conceição (nomes fictícios), duas mulheres negras, socialmente lidas como loucas. Atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) III na Baixada Fluminense, Rio de Janeiro, elas foram impedidas de maternar seus filhos.
A narração desses dois casos de separação compulsória e destituição do poder familiar é baseada no relato de experiência de Ueslei Solaterrar, (CLAM/IMS/UERJ e REMA), enquanto profissional e gestor do CAPS III, que também serviu de base para a sua pesquisa de Doutorado. Os casos são comentados por Tamara Vicaroni (CLAM/IMS/UERJ e REMA), cuja pesquisa de Mestrado investiga relatos semelhantes de profissionais da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) que acompanharam mulheres mães que eram usuárias de serviços de saúde mental e foram separadas de seus filhos. A conversa é mediada por Laura Lowenkron (CLAM/IMS/UERJ e REMA), que orientou as duas pesquisas.
O debate sobre os casos foca nos desafios que os (des)encontros entre maternidade, raça e loucura levantam para a Reforma Psiquiátrica Brasileira. As histórias de Maria e Conceição evidenciam ainda como essas mulheres, embora tenham tido suas maternidades destituídas e violadas, não foram apenas casos, mas se tornaram uma causa para a equipe do CAPS que as atendia, através de suas estripulias, causações, rebeldias e atrevivências na tentativa de afirmarem o desejo e o direito de serem mães.
Mais informações:
Currículo Lattes de Laura Lowenkron
Currículo Lattes de Ueslei Solaterrar
Currículo Lattes de Tamara Vicaroni
Vídeos de referência:
Estamira. Documentário. Direção: Marcos Prado, 2005.
Mães e Filhos: a maternidade no contexto do sofrimento mental. Documentário. Direção: Vládia Jucá. Instituto de Psicologia da UFBA (IPS). 2013.
Nise da Silveira – Posfácio: Imagens do Inconsciente. Documentário. Direção: Leon Hirszman, 1987.
Textos de referência:
JUCÁ, Vládia J. S..; BARBOSA, Adilane S. Seria a mulher “louca” uma má mãe? Reflexões sobre maternidade e loucura. Revista Feminismos, v. 11, n. 1, 2023. DOI: 10.9771/rf.v11i1.53020.
PASSOS, Raquel Gouveia. Na mira do fuzil. A saúde mental das mulheres negras em questão. São Paulo: Hucitec, 2023.
SOLATERRAR, Ueslei. (Sobre)viver na zona de quase-morte: o (des)fazer do cuidado em saúde mental a pessoas negras no cotidiano pandêmico da Baixada Fluminense. 2024. 356 f. Tese (Doutorado em Saúde Coletiva) – Instituto de Medicina Social Hesio Cordeiro, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024.
SOLATERRAR, Ueslei; LOWENKRON, Laura. “Preciso estar bem para cuidar do meu filho”: (des)encontros entre raça, maternidade e loucura. Antropolítica, no prelo.
SOLATERRAR, Ueslei; VICARONI, Tamara. “E eu não sou uma mulher?”: a destituição da maternidade de “mulheres loucas”. Coluna REMA, Brasil de Fato, 11/12/2024, Disponível em: https://www.brasildefatorj.com.br/2024/12/11/e-eu-nao-sou-uma-mulher-a-destituicao-da-maternidade-de-mulheres-loucas
Créditos de produção:
- Apresentação e roteiro: Ueslei Solaterrar, Laura Lowenkron, Tamara Vicaroni
- Edição de roteiro: Irene do Planalto Chemin, Mariana Pitasse e Lucía Eilbaum
- Edição de áudio, sonoplastia e finalização: Irene Do Planalto Chemin
- Música Tema: “Mulher no Mundo“, de Maria Tavares
- Coordenação do podcast: Lucía Eilbaum, Irene do Planalto Chemin e Mariana Pitasse
- Identidade visual: Alice Ohashy
- Comunicação e divulgação: Mariana Pitasse e Samara Costa
- Financiamento: Edital Pró-Humanidades do CNPq
*Texto publicado originalmente no site da REMA.