Organizado pelas pesquisadoras Maria Luiza Heilborn (CLAM/IMS/UERJ), Estela Aquino (ISC/UFBA) e Daniela Knauth (NUPACS/UFRGS), e pelo pesquisador francês Michel Bozon (INED), o livro O Aprendizado da sexualidade: reprodução e trajetórias sociais de jovens brasileiros (CLAM/Ed. Garamond/Ed. Fiocruz) reúne os resultados inéditos de um inquérito com quase cinco mil moças e rapazes de 18 a 24 anos, conduzido por pesquisadores de universidades públicas em três capitais brasileiras, sobre a vida sexual dos jovens. A obra, que lançada no dia 22 de agosto, é fruto da investigação Gravidez na Adolescência: estudo multicêntrico sobre jovens, sexualidade e reprodução no Brasil (Pesquisa GRAVAD), desenvolvida em duas etapas com jovens das cidades de Porto Alegre, Rio de Janeiro e Salvador. Além do livro, também será lançada uma edição temática dos Cadernos de Saúde Pública (v.22 n.7, jul. 2006) sobre juventude, sexualidade e reprodução, a qual reúne uma série de trabalhos desenvolvidos a partir da Pesquisa GRAVAD.
A pesquisa de que trata O aprendizado da sexualidade descreve as características sociais e demográficas da juventude e investiga seus nexos com as diferentes trajetórias de entrada na sexualidade e com possíveis eventos reprodutivos – a tão discutida gravidez adolescente. Em relação ao fenômeno, os autores dos artigos que abordam a temática, buscam desmontar a idéia de “caos” que permeia a discussão. “A ocorrência da gravidez na adolescência deve ser compreendida subordinada ao fenômeno mais amplo das mudanças na sexualidade juvenil, das relações de gênero a elas inerentes e das mudanças nas relações intergeracionais”, afirmam os organizadores da coletânea.
Além de gravidez e maternidade na adolescência, o livro enfoca ainda temas como as práticas sexuais dos jovens, suas trajetórias afetivo-sexuais, as trajetórias homo-bissexuais e paternidade juvenil. No que concerne à sexualidade juvenil, o livro termina por recomendar certos princípios para elaboração de políticas públicas.
“Políticas centradas apenas na idéia de responsabilidade individual têm menos sucesso do que aquelas que envolvem a compreensão sobre fatores institucionais e macro-sociais na modelação da sexualidade. Recomenda-se uma abordagem aberta sobre a educação sexual promovida nas escolas, que contemple conteúdos para além das informações técnicas de forma a abranger os aspectos relacionais de gênero e a dimensão afetiva imbricada na sexualidade. Além disso, a regulação da fecundidade deve ser concebida como planejamento reprodutivo ao invés de familiar, fazendo com que os serviços de saúde atendam a população adolescente, masculina e feminina, que já tem vida sexual ativa ou está para iniciá-la”.
O lançamento do livro e da edição especial dos CSP ocorreu no dia 22 de agosto, durante o Congresso da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, (ABRASCO).