CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

Sexualidad, Salud y Sociedad – Revista Latinoamericana Artigos, dossiês e resenhas do número 38 (2022)

A Revista latino-americana Sexualidad, Salud y Sociedad aborda diversidade sexual e políticas públicas em sua edição de número 38, com destaque para temas como o acesso à saúde, emoções, e violência obstétrica.

O artigo “Apenas um perfil no Grindr? Montando um corpo marcado”, derivou de uma pesquisa ampla sobre o aplicativo de encontros Grindr. Os autores Adriel Giordani Christ e Inês Hennigen refletem sobre os efeitos subjetivos do aplicativo, a partir da imersão pelas etapas de edição do perfil, por suas ferramentas e funções.

Em “Homens nas fronteiras das prisões femininas: um estudo etnográfico em dias de visita”, Helena Salgueiro Lermen e Martinho Braga Batista, com o objetivo de ampliar as análises sobre dias de visitas em cárceres, investigam diferentes parcelas de frequentadores do cárcere feminino que performatizam o gênero masculino.

O artigo “‘A sociedade socialista não pode permitir esse tipo de degenerações’. As UMAP como dispositivos disciplinares da revolução cubana”, de Javier Ladrón de Guevara Marzal, Fernanda Martinhago e Sandra Caponi, é resultado da problematização sobre a repressão especificamente contra homossexuais, religiosos, artistas e intelectuais da sociedade cubana, nos primeiros anos da Revolução (1965 a 1968).

José Daniel Jiménez Bolaños, em seu artigo “El Plan de Adiestramiento Docente en educación sexual, Costa Rica, 1968-1986”, examina o processo de formulação e execução do Plano Nacional de Formação de Docentes em questões de educação sexual na Costa Rica.

O artigo “Masculinidades no voleibol: precarização, agência e resistência em narrativas de jovens atletas”, do autor Leandro Teofilo de Brito, discute os processos de identificação e significação das masculinidades nas experiências narradas de jovens atletas de voleibol, modalidade mais apreciada por pessoas LGBTI+ para torcer e praticar.

Em “Ativismos não-monogâmicos no Brasil contemporâneo: a controvérsia poliamor – relações livres” (disponível em inglês), Antonio Cerdeira Pilão analisa as tensões entre as duas principais identidades não-monogâmicas no Brasil, poliamoristas e RLs (Relações Livres). Ambas são responsáveis pela construção de uma militância em torno da multiplicidade afetiva e sexual.

No artigo “Hacerse padre: entre nuevos ideales y viejas estructuras” as autoras Rosa María Ramírez de Garay e María Emily Ito Sugiyama exploram a vivência de alguns homens no trânsito à paternidade pela primeira vez, para identificar os ideais e obstáculos que ainda dificultam a eles a execução de práticas mais equitativas. Ainda é predominantemente atribuído às mulheres as tarefas domésticas e cuidados, perpetuando a divisão sexual do trabalho e a desigualdade.

Em “Faces da bifobia dentro (e fora) da comunidade LGBTQIAP+: reflexões a partir de narrativas de pessoas bissexuais”, as autoras Beatriz Fragoso Cruz, Maria Lúcia Lima e Larissa Carneiro investigam as diferentes manifestações da bifobia, sobretudo no interior da comunidade LGBTQIAP+, a partir do relato de seis pessoas bissexuais.

Em “Near-miss materno e violência obstétrica: uma relação possível?”, Cláudia de Azevedo Aguiar, Roselane Gonçaves Feliciano e Ana Cristina d’Andretta Tanaka objetivam analisar a compreensão das mulheres que vivenciaram a morbidade materna aguda grave (near-miss materno) sobre a assistência obstétrica recebida. A pesquisa foi feita com doze mulheres de diferentes regiões brasileiras e que vivenciaram o near-miss materno, principalmente, por complicações de síndromes hipertensivas, hemorragias e
infecções.

“Saberes psi y género: narrativas de psicólogos/as y psiquiatras a partir de las transformaciones en torno a derechos y demandas de los movimientos de la disidencia sexual en Argentina”, da autora Romina Laura Del Monaco, examina as narrativas dos profissionais sobre modelos de produção de conhecimento e tensões internas a partir dos direitos obtidos e reivindicações dos movimentos de dissidência sexual nas últimas décadas na Argentina.

Utilizando um método qualitativo e uma abordagem biográfica, Maria Cecilia Johnson, em “Los sentidos sobre los fetos y embriones: imágenes, discursos y tecnología en las experiencias de usuarias de TRHA en Argentina”, explora as formas como as usuárias dão sentido e subjetividade aos embriões em diferentes momentos: durante a gestação, face à perda de gravidez, face às tecnologias de visualização e criopreservação, constatando diferentes interpretações e ressignificações. Francisco Hernández Galván em “Heterotopías sexuales, una localización epistemológica” analisa o conceito de “heterotopia” proposto por Michel Foucault, com objetivo de traçar uma associação entre a vida urbana e as liberdades singulares que se pretendem obter no imaginário de uma cidade.

No seu artigo “Gênero, família e Estado: cuidado de crianças, pandemia e a gestão da (não) reabertura escolar” a pesquisadora Laura Lowenkron analisa as articulações entre gênero, família e Estado a partir do tema do cuidado de crianças durante a pandemia de Covid-19, com recorte empírico das controvérsias em torno da gestão da (não) reabertura escolar no município do Rio de Janeiro.

Este número conta também com duas resenhas. A primeira, de Vladimir Porfirio Bezerra, sobre o livro “Ensaios sobre transexualidades: diálogos entre psicanálise e estudos de gênero”, organizado por Nelma Cabral e Paula Gaudenzi, publicado em 2020. A segunda, de Camilo Albuquerque de Braz, sobre o livro “Cuerpo, Placer y Deseo. Uma mirada etnográfica al homoerotismo em Aguascalientes”, de autoria de Juan Bobadilla Domínguez, publicado em 2021.

Além dos artigos e resenhas, o número 38 também conta com o dossiê “Estrategias y condiciones de acceso al derecho a la salud para trans y travestis em Brasil y America latina”, organizado por Aureliano Lopes da Silva Junior, Jimena de Garay Hernández, Anna Paula Uziel, Sérgio Carrara e Guilherme Almeida. O dossiê é composto por quatorze artigos com diferentes abordagens a respeito desta temática. O primeiro grupo de artigos apresenta reflexões sobre o acesso de pessoas travestis e trans a serviços de saúde em regiões metropolitanas, como Rio de Janeiro/RJ, Porto Alegre/RS e Salvador/BA. O segundo grupo de textos analisa os impactos da cisgeneridade sobre a área da saúde (Acesse aqui a notícia sobre o dossiê).

O número 38 também foi composto pelo dossiê “Um Leque de Temáticas, um Arco de Sentimentos: subjetividade, emoções e políticas públicas”. Este dossiê foi composto por seis artigos que refletem sobre as emoções e subjetividades relacionadas a diversas políticas públicas. Os artigos exploram as possibilidades dos estudos socioantropológicos das emoções, relacionadas a movimentos sociais, migrações, saúde e trabalho (Acesse a notícia completa sobre este dossiê).

Finalmente, esta edição apresenta a entrevista realizada pela pesquisadora Claudia Mercedes Mora Cárdenas com o sociólogo Roberto Castro Pérez, sobre violência obstétrica (acesse a matéria sobre esta entrevista aqui).
Acesse a edição número 38 da Sexualidad, Salud y Sociedad – Revista Latinoamericana na íntegra aqui.