CLAM – Centro Latino-Americano em Sexualidade e Direitos Humanos

O CLAM lamenta a perda de Cris Serra, 07/03/1974 – 22/10/2023

Comunicamos, com pesar, o falecimento da estudante egressa do Instituto de Medicina Social, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, doutora em Saúde Coletiva, integrante do CLAM, Cris Serra.

Cris iniciou seu mestrado no IMS/UERJ em 2015, sob orientação de Sérgio Carrara. Ainda naquele ano, Cris passou a integrar a pesquisa “Fundamentalismos, Sexualidade e Direitos Humanos”, trazendo sua astúcia e rigor intelectual, sua firme delicadeza e generosidade e seu inquebrantável compromisso ético e político. A partir daquele momento Cris passou também a participar e contribuir intensamente nas atividades do CLAM.

Cris teve um papel de liderança reconhecido por seus pares nos diversos âmbitos em que se desempenhou e o acadêmico não foi uma exceção. Assim como sua trajetória anterior havia marcado a constituição de uma comunidade de católicas e católicos pela diversidade, seu compromisso ativista e profissional, sua disciplina e sagacidade intelectual e sua incansável vontade foram fundamentais para a entrada e construção de uma abordagem socioantropológica sobre religião, laicidade e política no CLAM e no IMS.

Em tempos críticos para a universidade e para o país, Cris foi um exemplo de engajamento nas pautas da diversidade religiosa, da diversidade sexual e dos feminismos, assumindo o desafio de interpretar os variados sentidos da laicidade, diante da hostilidade tanto das perspectivas teocráticas quanto das secularistas. Nessa seara, Cris vinha de organizar e realizar um trabalho de acolhida comunitária, de promover debates e de formar redes. Seu rigoroso e original trabalho de leitura e de pesquisa com grupos religiosos demonstrou também uma rara habilidade para alternar entre a linguagem litúrgica, a política, a profissional, como psicóloga, e a acadêmica.

Defendeu sua dissertação em 2017, logo publicada como livro: Viemos pra comungar: os grupos católicos LGBT brasileiros e suas estratégias de permanência na igreja (Metanoia, 2019) e sua tese de doutorado “Para que tenhamos vida”: saberes e fazeres de coletivos cristãos de feministas e de dissidentes de gênero e sexualidade no dia 2 de maio deste ano.

No CLAM/IMS, além do seu precioso legado intelectual e da sua intensa colaboração na área de comunicação, Cris promoveu debates que foram marcantes para a vida institucional, como o do seminário Ciência, Política e Religião: ‘Cura Gay’ em Debate, com importantes atores do campo religioso e de movimentos sociais.

A passagem da Cris pelo CLAM, pelo IMS e pelas nossas vidas foi um presente, como ela costumava falar. Sentiremos sua falta.