Projeto do governo federal em parceria com o CLAM, o curso a distância Gênero e Diversidade na Escola foi apresentado na cidade do Cairo, no Egito, com apoio da Embaixada brasileira. Pioneira no gênero, a experiência brasileira foi apresentada pelo antropólogo Sérgio Carrara, coordenador do CLAM, e discutida por autoridades e membros de diversas organizações africanas.
O evento, realizado no Institute Islamic Center, foi organizado pelo Fórum Internacional em Sexualidade (ISF), grupo composto pelos diretores dos quatro centros para a sexualidade e os direitos humanos no mundo – o demógrafo Richmond Tiemoko, diretor do Africa Regional Sexuality Resource Center (Lagos, Nigéria); a psicóloga Radhika Chandiramani, diretora do South and Southeast Asia Resource Center on Sexuality (Nova Deli, Índia); o antropólogo Gilbert Herdt, diretor do National Sexuality Resource Center (São Francisco, EUA); e pelos antropólogos Maria Luiza Heilborn e Sergio Carrara, diretores do CLAM. Além dos diretores, o evento contou com a presença da advogada peruana Violeta Barrientos, facilitadora do ISF, e de Leila Araújo, coordenadora executiva do projeto no Brasil.
Segundo Leila, a experiência brasileira do projeto de ensino a distância foi escolhida para ser o foco do Encontro no Cairo por preencher um dos objetivos principais do Projeto Diálogo Global, do qual os quatro centros fazem parte. “O item formação é uma das bases do projeto Diálogo Global, que tem como proposta promover um diálogo sobre sexualidade a partir de uma perspectiva de direitos humanos. E a educação é um dos caminhos pelos quais este diálogo se torna possível. Como o e-learning já estava na agenda de cada centro, a nossa experiência poderá contribuir com projetos da mesma natureza em outros países”, afirma Leila.
O projeto passo-a-passo
Visando a formação de educadores e educadoras da rede pública de ensino brasileira que atuam entre a 5ª e 8ª séries do Ensino Fundamental, o curso a distância Gênero e Diversidade na Escola resultou de um esforço conjunto da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres (SPM), da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD/MEC), da Secretaria de Educação a Distância (SEED-MEC), da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), do Conselho Britânico e do CLAM.
Em 2003, o governo federal brasileiro criou as Secretarias Especiais com status de ministérios visando a implementação de políticas anti-discriminatórias para a defesa dos direitos de mulheres, negros, índios, gays, lésbicas, transexuais e transgêneros. No ano seguinte, a SPM começou a desenvolver um projeto de formação de profissionais da educação, enfocando a temática de gênero.
O CLAM foi então convidado a participar do projeto com a missão de desenvolver um curso a distância que conjugasse as temáticas de gênero, raça/etnia e sexualidade, área de interesse e atuação da instituição. “O convite representou uma confluência de interesses, uma vez que o CLAM já estava promovendo debates e seminários que abordavam os temas de uma forma transversal”, lembra Sergio Carrara.
O CLAM coordenou a elaboração do material didático; selecionou via Internet o(a)s cursistas; selecionou e treinou professores on-line e orientadores de temas e, em parceria com o governo federal, consolidou o curso até sua etapa final.
Na primeira fase, O CLAM selecionou os 31 profissionais de diferentes partes do país que formaram a equipe de professores online, a maioria deles graduados em Ciências Sociais. O treinamento presencial desses professores foi realizado no Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), entre 20 e 24 de março de 2006.
O lançamento oficial do Gênero e Diversidade na Escola aconteceu no Palácio do Planalto, em Brasília, no dia 26 de maio de 2006, com a presença do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
A fase de ensino a distância ocorreu entre 5 de junho e 12 de setembro de 2006, e e contou com cerca de 800 professores inscritos das cidades de Niterói e Nova Iguaçu (RJ), Salvador (BA), Dourados (MS), Maringá (PR) e Porto Velho (RO). Dividido em cinco módulos, o curso foi oferecido pela internet por meio da tecnologia do e-Proinfo, ambiente virtual de aprendizagem do MEC.